O Serviço Nacional de Migração moçambicano pretende requalificar até final do ano quatro postos de fronteira com a Tanzânia, em Cabo Delgado, região sob conflito armado no norte do país, disse à Lusa fonte do organismo.

“Vamos modernizar os postos de travessia com vista a terem mais dinâmica”, disse Ivo Sampanha, porta-voz do Senami, a propósito de um concurso lançado para obras nas infraestruturas.

“Já há orçamento e neste momento decorre o processo de contratação da empreitada”, em fase de concurso público, referiu.

A porosidade da fronteira com a Tanzânia é apontada pelas autoridades moçambicanas e em vários relatórios internacionais como um dos fatores que facilita a entrada de rebeldes que participam na insurgência armada que há quatro anos e meio atinge Cabo Delgado.

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No projeto agora estabelecido, vão ser reabilitados os postos de travessia de Nametil, no distrito de Palma, o posto do distrito de Nangade e ainda os de Ngapa e Negomano, no distrito de Mueda.

Segundo o porta-voz do SENAMI, a modernização vai custar cerca de 40 milhões de meticais (600 mil euros) e faz parte do plano de reconstrução da província de Cabo Delgado, após a destruição provocada pela insurgência armada.

De um total de nove postos de travessia que a província de Cabo Delgado tem com a Tanzânia, apenas quatro estão em funcionamento.

Os outros cinco foram encerrados por causa das restrições à circulação criadas para conter a propagação de covid-19, nos últimos dois anos, mantendo-se assim devido aos ataques de rebeldes.

Em vez dos agentes de migração, nesses postos encerrados estão Forças de Defesa e Segurança (FDS), mas “o Senami está atento ao regresso da população e, por isso, poderá reabri-los”, se se justificar, concluiu.

A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

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Há 784 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.

Desde julho de 2021, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu recuperar zonas onde havia presença de rebeldes, mas a fuga destes tem provocado novos ataques noutros distritos usados como passagem ou refúgio temporário.

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