Vladyslav Buriak tem 16 anos e é filho de Oleg Buriak, oficial ucraniano, tendo sido capturado a 8 de abril pelas tropas russos quando tentava fugir do território de Zaporijia, região do leste da Ucrânia. “Disseram-me que era um refém valioso”, lembra o jovem ao jornal espanhol El Mundo.

Durante 48 dias esteve na prisão de Vasylivka e, de acordo com o seu relato, estava trancado numa cela de “dois metros por dois, com um colchão numa cama de metal e cobertores”, sendo que, após a primeira semana, um dos oficiais lhe concedeu uma missão: limpar a prisão. “Eu era o único menor de idade na prisão, havia apenas homens entre 20 e 80 anos. Disseram-me que eu tinha que limpar a cozinha, os corredores e as celas”, recorda.

A sua função, segundo o relato ao jornal espanhol, permitiu que circulasse por todo o edifício e presenciasse alguns “interrogatórios brutais”, uma vez que as celas tinham janelas viradas para o corredor, tendo observado rostos inchados, ensanguentados, espancamentos com varas de ferro e torturas com recurso a cabos de eletricidade. “Eles colocaram os cabos presos às unhas dele (…) Para eles somos animais, simples”, afirma, traumatizado.

Durante estes dias, Vladyslav garante ter visto cerca de vinte detidos torturados. “Era possível ouvi-los a gritar e a pedir clemência. Foi terrível.” O filho de Oleg Buriak foi libertado a 7 de julho e o testemunho duro já foi incorporado à longa lista de supostos crimes de guerra investigados pelas autoridades ucranianas e que excedem os 16.000 casos, de acordo com estatísticas oficiais.

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