A Rússia rejeitou esta sexta-feira as acusações “bizarras” de interferência eleitoral em Itália, depois de Matteo Salvini, líder do partido de extrema-direita Liga, ter recebido ordem para explicar contactos entre a sua comitiva e a embaixada russa.
É estranho ver que a classe política italiana e os órgãos de comunicação social (…) começam a ser guiados por atores externos, imitando as suas piores práticas e modelos de campanha eleitoral”, afirmou a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, citada pela agência France-Presse (AFP).
De acordo com Zakharova, o mundo assiste a um “mito banal sobre a interferência de Moscovo nos processos eleitorais”.
Para a Rússia, a Itália “é um país soberano que prossegue uma política interna e externa independente”, acrescentou, numa declaração na plataforma Telegram.
É nesse sentido que, aponta, “as relações entre Rússia e Itália sempre foram caracterizadas pelo pragmatismo, compreensão mútua e respeito“.
Na semana passada, o Parlamento italiano foi dissolvido depois de a Força Itália (FI) e respetivos aliados, como a Liga, de Matteo Salvini, e o Movimento 5 Estrelas (M5S) terem chumbado uma moção de confiança.
Na sua edição de quinta-feira, o diário italiano La Stampa noticiou a possibilidade de ter existido contactos entre Antonio Capuano, um conselheiro para os assuntos internacionais de Salvini, e Oleg Kostyukov, um alto funcionário da embaixada da Rússia em Roma.
Na notícia, segundo divulga a agência italiana ANSA, o La Stampa relata que Moscovo terá indagado sobre a possibilidade de a Liga retirar os ministros do Governo de Draghi.
As ligações de Salvini a Moscovo são fonte regular de controvérsia, em particular desde o início da guerra na Ucrânia, e são apontadas como uma dificuldade do seu partido e dos aliados do Forza Itália e Fratelli d’Italia na campanha legislativa de 25 de setembro.