O primeiro-ministro de Itália, Mario Draghi, entregou esta manhã o seu pedido de demissão ao Presidente italiano, Sergio Mattarella. A informação é confirmada em comunicado pela Presidência italiana. Mattarella já assinou, entretanto, o decreto de dissolução do parlamento, segundo o La Repubblica.

O decreto de dissolução será agora entregue aos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados. A decisão leva automaticamente à realização de eleições antecipadas, que foram marcadas para 25 de setembro, segundo o La Reppubblica.

De manhã, um comunicado deu conta que o Presidente da República, Sergio Matarella, recebeu no Palácio do Quirinal o primeiro-ministro, Mario Draghi, “que, depois de ter falado sobre o debate e votação de ontem no Senado, reiterou a sua demissão e a do Governo que preside”. O comunicado acrescentava que o Governo permanece em funções.

Itália deverá ir a eleições antecipadas. Mario Draghi ganha voto de confiança, mas sem apoio dos principais partidos da coligação

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“Até os banqueiros têm coração”, disse Mario Draghi esta quinta-feira de manhã, perante os deputados, em referência a uma piada que fez no início do mês. Nessa altura, Draghi contou a seguinte história: “Estou a lembrar da história de um homem que está à espera de um transplante de coração. Dizem-lhe que há dois corações: o de um jovem de 25 anos em ótimo estado e o de um banqueiro de 86 anos. ‘Escolho o segundo’, disse o homem. ‘Porque?’, ‘Porque nunca foi usado'”.

“Não há pausas possíveis no período que estamos a atravessar”. Draghi mantém-se em funções até ao novo governo

Poucas horas depois, segundo o La Repubblica, Sergio Mattarella assinou o decreto de dissolução do parlamento. Em declarações citadas pelo jornal, Mattarella defendeu, no Palácio do Quirinal, que a dissolução do parlamento era “inevitável” e que a situação atual “não permite pausas para lidar com os efeitos da inflação”. É por isso que o executivo vai manter-se em funções até à tomada de posse do novo governo.

“Não há pausas possíveis no período que estamos a atravessar, os custos energéticos têm consequências para as famílias e empresas, as dificuldades económicas têm de ser resolvidas, há muitas tarefas a realizar por Itália”, disse.

O chefe de Estado adiantou ainda que agradeceu a Draghi e ao respetivo governo “pelo seu empenho ao longo destes 18 meses”. Mattarella reconhece que havia uma “evidente falta de apoio parlamentar” e uma ausência de “perspetivas que dessem origem a uma nova maioria”. Para Mattarella, esta situação “tornou inevitável a dissolução precoce das Câmaras”.

A decisão de Draghi se demitir surge depois das votações da moção de confiança no Senado italiano que aconteceram esta quarta-feira. Os principais partidos que suportavam a coligação de Draghi — a Liga, o Movimento 5 Estrelas e o Força Itália — não participaram na votação. Por isso, apesar de a moção de confiança ter sido aprovada, o resultado só ajudou à intensificação da crise política italiana — do total de 321 deputados, apenas 95 votaram a favor e 38 contra.