“Precisamos de explicar às pessoas o que podem fazer, persuadi-las a fazê-lo e ajudar as pessoas para que consigam acabar com uma situação perigosa”, apelou o empresário russo, exilado, Mikhail Khodorkovsky ao Guardian, numa entrevista, onde se reafirma contrário à guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

Khodorkovsky esteve preso entre 2003 e 2013, tendo depois pedido exílio ao Reino Unido, e considera agora que a invasão da Ucrânia mudou completamente a agenda política da oposição russa, mencionando a importância da “resistência armada” no futuro do país.

Entre as opções para os russos, Khodorkovsky assume uma abrangência larga: de grafitis nas paredes a sabotagem da ferrovia com o objetivo de impedir entregas de material para o cenário de guerra. “Mas somos muito claramente contra métodos que prejudiquem pessoas desarmadas”, frisou, criticando o assassinato de Daria Dugina, filha do filósofo russo Alexander Dugin, considerado o ideólogo de Vladimir Putin.

Neto de ucranianos, Khodorkovsky diz que as suas “impressões e sentimentos antes e depois de 24 de fevereiro são completamente diferentes”. “Sempre me senti normal, não havia nada que me envergonhasse de ser russo. Agora, sempre que dizes que és russo há um desconforto interno”, afirma o exilado que assume ter acabado com várias amizades de longa data em consequência de discussões sobre a invasão da Ucrânia.

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“Imagine o que é conhecer alguém desde os sete anos. Agora, com quase 60, tornou-se impossível falar com eles”, diz acrescentando que alguns são fortemente apoiantes da invasão ucraniana.

Ainda assim, o dissidente quer que o Ocidente também consiga ver os muitos russos que não apoiam Putin nem a guerra na Ucrânia. “O Ocidente tem aliados ideológicos dentro da Rússia que veem para o país o caminho de envolvimento na Europa”, afirmou.

“O que está a acontecer é um pesadelo, mas esse pesadelo não significa que a Rússia e a Europa se separaram para sempre. É muito importante, neste contexto emocional difícil, que mantenhamos uma mente sã, pragmatismo e uma visão de futuro, de uma Rússia europeia democrática”, apela o russo uns dias antes do lançamento oficial do seu próximo livro The Russia Conundrum.