“Neste momento metade da nossa atividade é em Portugal e a outra metade é no estrangeiro. A nossa ideia é expandir e que a nossa atividade seja cada vez mais no mercado internacional, daí a nossa aposta nestas feiras”, explicou Catarina Morais Cardoso, diretora de ‘marketing’ da Viúva Lamego, em declarações à agência Lusa.

Fundada em 1849, esta empresa de azulejos instalada em Sintra “já tem notoriedade” em França devido a projetos em áreas públicas em Paris como a estação de Champs-Elysées-Clemenceau, decorada com obras de Manuel Cargaleiro, ou o Coração de Paris, da autoria de Joana Vasconcelos. Agora, esta fábrica centenária quer distinguir-se junto de arquitetos e ‘designers’ de interiores.

“Temos uma produção que utiliza métodos tradicionais propositadamente porque isso nos permite ter um produto diferenciado, que não é industrial, e é essa diferenciação e este posicionamento que é de alto-nível, que é muitas vezes procurado pelos arquitetos e ‘designers’ de interiores franceses”, declarou Catarina Morais Cardoso.

Para esta edição da Maison & Objet, a empresa lusa trouxe o tema cor, com um painel da autoria de Bela Silva e o lançamento de uma coleção também assinada por esta artista portuguesa.

“Estas fábricas hoje em dia para se posicionarem no mercado, que é um mercado altamente agressivo e o que apresentamos hoje já é ontem, é tudo muito rápido e tem muita pressão, têm de se virar para trabalhar com os artistas porque precisam de apresentar inovações”, afirmou Bela Silva.

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Bela Silva nasceu em Lisboa, em 1966, estudou na Escola Superior de Belas Artes do Porto e de Lisboa, no Centro de Arte e Comunicação AR.CO., na Norwich University of the Arts, no Reino Unido, e obteve um mestrado em Arte no Art Institute of Chicago. Foi há mais de 20 anos que começou a relação de Bela Silva com o azulejo e com a empresa Viúva Lamego, tendo resultado, entre outros projetos, na estação de Metro de Alvalade, em Lisboa.

Nesta edição da feira Maison & Objet a artista apresenta o painel “Um pássaro mexicano que viaja no tempo do México à Índia” e a coleção de azulejos “Tavira”, inspirada na infância da artista junto ao mar.

“A Bela Silva é já uma artista com um grande reconhecimento no mercado francês e para além da pintura, convidámo-la para lançar mais uma coleção, que é a coleção Tavira. Esta é uma coleção de pintura manual e que reforça dois pontos muito importantes: a nossa relação com os artistas e também potencia a pintura manual replicada pelos nossos artesãos”, detalhou Catarina Morais Cardoso.

Esta parceria com a artista portuguesa vai para além desta feira, já que Bela Silva é um das quatro artistas que tem uma residência permanente nas instalações da Viúva Lamego. A artista diz que foi nesta fábrica que encontrou Maria Keil ou Manuel Cargaleiro pela primeira vez. Tendo na sua carreira várias parcerias com diferentes empresas, Bela silva define-se “uma criativa”.

“Para mim, eu sou criativa ponto. O desenho é a base de tudo e às vezes dá para utilizar esse desenho num têxtil que vai ser imprimido numa roupa, outras vezes um projeto para um mural”, indicou a artista.

Para a Viúva Lamego, a França é um dos pontos importantes na entrada dos circuitos internacionais, situando-se entre os cinco países com os quais a empresa faz mais negócio, estando também nessa lista a Bélgica, o Reino Unido, a Suíça e os Estados Unidos. A empresa está também a entrar nos mercados do Médio Oriente, posicionando-se em feiras empresariais no Dubai.

O salão Maison & Objet decorre de 08 de setembro a 12 de setembro e, além deste certame, a empresa Viúva Lamego está também presente na exposição “Metamorfose”, no terceiro bairro de Paris, uma iniciativa promovida pela AICEP que vai decorrer até 17 de setembro.