Punir o agressor, proteger a vida, restaurar a segurança e a integridade territorial, dar garantias de segurança e a autodeterminação na área da defesa. São estes os cinco pilares da fórmula para a paz e segurança que o Presidente da Ucrânia apresentou, esta quarta-feira, na Assembleia-geral da ONU. Perante o auditório, Zelensky disse que a Ucrânia está “pronta para a paz”, mas sob a condição que esta seja “uma paz verdadeira, honesta e justa”.

No discurso, o Presidente defendeu ainda que a ofensiva russa “não foi apenas contra a Ucrânia, mas contra todos os países que têm assento nas Nações Unidas” e que só “há um a querer a guerra”. “A Ucrânia quer a paz, Europa quer paz, o mundo quer paz. Já vimos quem é o único que quer a guerra. Só há um que quer a guerra, é o único que está contente com a guerra, com a guerra dele”, disse durante a mensagem previamente gravada, frisando que “a Ucrânia mostrou força no terreno” e que “ninguém pode acusar o país de ser fraco ou incapaz de lutar pela independência”.

O Presidente ucraniano frisou que o “país fez tudo para evitar a guerra” e que a única responsável pela escalada do conflito foi a Rússia: “Tentámos prevenir esta guerra desde o início da minha presidência até dia 24 de fevereiro deste ano, mas a Rússia escalou até à invasão, não tivemos outra solução que não a de defender o nosso território.”

Zelensky disse à AG da ONU que “a fórmula” que defendeu deve funcionar “não apenas para a Ucrânia, mas para qualquer país que se encontre em circunstâncias semelhantes”. “É uma fórmula que pune o crime, protege a vida, restaura a segurança e a integridade territorial, garante a segurança e dá autodeterminação”, afirmou o Chefe de Estado ucraniano, que agradeceu a António Guterres o “envolvimento direto” no processo de desbloquear a crise de cereais.

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No campo das sanções, Zelensky pediu que fossem suspensos os vistos a cidadãos russos, impedindo-os de “fazer compras e turismo” em países “que valorizem a paz”.

O Chefe de Estado aproveitou o discurso para ser bastante gráfico e impressionar quem o estava a ouvir. Relatou casos de castração nas vítimas encontradas nas cidades recuperadas aos russos, famílias inteiras mortas sob escombros de casas destruídas em bombardeamentos aéreos, mulheres com costelas partidas e feridas em todo o corpo e homens estranguladas. O objetivo do Presidente ucraniano era apelar à “proteção da vida”: “Todo o Estado que sofre agressões precisa de uma oportunidade para proteger os cidadãos e libertar o território, mas precisamos de tempo.”

“Por terra, por mar, no ar. Na diplomacia e na política, na economia e nas finanças. No fornecimento de armas e de serviços de inteligência. Cada um de vós vai receber o nosso texto pela paz onde poderá ver os detalhes do que oferecemos como garantias de segurança. Não quero comparar as nossas ofertas com a de qualquer aliado. Quero sublinhar que é sempre melhor garantir a segurança de uma nação preventivamente ao invés de parar uma guerra que já começou”, disse o Presidente ucraniano, frisando ainda que “os atos de terrorismo feitos pela Rússia só provam a incapacidade.”

“Falam das negociações, mas anunciam uma mobilização militar. Falam de negociações, mas anunciam pseudo-referendos”, apontou ainda o Presidente ucraniano, tentando colocar em evidência a diferença no conceito de paz entre a Ucrânia e a Rússia.

Zelensky fez questão ainda de frisar os “sete países que tinham medo do vídeo” que foi transmitido com a mensagem gravada do Presidente ucraniano: “Bielorrúsia, Cuba, Síria, Coreia do Norte, Nicarágua, Eritreia e Rússia”. Ou seja, os sete países que votaram contra a participação virtual de Zelensky na Assembleia-geral.

Antes de terminar a mensagem, Zelensky disse ainda que a Ucrânia está “pronta para a paz”, mas que esta terá que ser uma “paz verdadeira, honesta e justa”. “A neutralidade não integra a nossa paz. A nossa fórmula é universal, une o norte e o sul, é pela representação dos que continuam desconhecidos”.