O treinador do Manchester United, Erik ten Hag, voltou a falar de Cristiano Ronaldo, esta sexta-feira, e garantiu que o antigo número sete dos “red devils” nunca lhe disse que queria abandonar o clube até ao dia em que deu a polémica entrevista a Piers Morgan, na qual disse não se sentir respeitado pelo técnico neerlandês.

Dois dias depois de ter recusado alongar-se sobre a polémica que marca a temporada do clube de Manchester ao dizer que o capitão da Seleção nacional faz parte do “passado” do clube, Ten Hag acabou por abordar o tema com os jornalistas presentes no estágio da equipa em Espanha. “Até àquele momento [ndr: a entrevista concedida a Piers Morgan], Cristiano Ronaldo nunca me disse ‘Eu quero ir-me embora’”, garantiu o treinador, citado pela Sky Sports, assegurando que sempre quis que o jogador continuasse.

Na entrevista dada poucos dias antes do início do Mundial do Qatar, Cristiano Ronaldo foi muito crítico do então treinador, dando como exemplo o jogo frente ao Tottenham, no qual se recusou participar. “”Senti-me provocado pelo treinador. Não permito que um treinador me coloque apenas três minutos para jogar. Peço desculpa, mas não sou esse tipo de jogador. Não tenho respeito pelo Ten Hag porque ele não me respeita a mim. E, se não tens respeito por mim, nunca terei respeito por ti”, disse a Piers Morgan.

Ten Hag, arrasado nessas declarações, assume que viu “grande parte” da entrevista. “Tinha que o fazer, é parte do meu trabalho. Um clube não pode aceitar aquela entrevista”, declarou, antes de deixar claro que, para ele, Ronaldo deu a entrevista sabendo o que ia acontecer. “Para dar aquele passo, ele sabia das consequências. Mas, até àquele momento, ele nunca me disse.”

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E contou ainda mais detalhes sobre a sua relação com o jogador e sobre a permanência de Ronaldo em Manchester. “No verão, tivemos os dois uma conversa, na qual ele me disse: ‘Digo-te se quero ficar até daqui a sete dias’. Depois, voltou e garantiu’: Quero ficar’”.

Segundo o treinador neerlandês, o objetivo do clube era que Ronaldo “fizesse parte do projeto” do Manchester United porque “é um grande jogador”. No entanto, a relação seguiu outro caminho e Ten Hag diz que a sua ”responsabilidade é para com o clube e a equipa”. “São decisões que tenho que tomar. Não importa quem é a pessoa”, atirou ainda, antes de reforçar que o seu foco está no que aí vem. “Não quero gastar a minha energia com este tema. É passado. Queremos um futuro novo para o Manchester United e Ronaldo não quis fazer parte dele”, finalizou.

Após a polémica entrevista, e a dois dias da estreia de Portugal no Mundial, o Manchester United anunciou a saída do número 7 de forma imediata e por mútuo acordo. “Cristiano Ronaldo vai deixar o Manchester United por mútuo acordo com efeitos imediatos. O clube agradece pela imensa contribuição ao longo das duas passagens por Old Trafford em que marcou 145 golos e fez 346 jogos e deseja-lhe todas as felicidades a ele e à sua família para o futuro. Todos, no Manchester United, permanecem concentrados na continuação da progressão da equipa com Erik ten Hag e a trabalhar juntos para obter sucesso no relvado”, dizia a curta nota divulgada pelo Manchester United.

Pouco depois, Ronaldo reagiu à saída do clube inglês através de um comunicado que foi divulgado por Fabrizio Romano, jornalista italiano normalmente associado ao mercado de transferências. “Depois de conversações com o Manchester United, acordámos mutuamente terminar o nosso contrato. Adoro o Manchester United e adoro os adeptos, isso nunca vai mudar. Mas é a altura certa para procurar um novo desafio. Desejo o melhor ao Manchester United”, disse o avançado de 37 anos.