A curiosidade acerca do futuro da Bugatti vai crescendo à medida que o Chiron e as suas diferentes declinações se aproximam do fim da linha. E com o Mistral e o Bolide a encerrarem o capítulo do magistral motor 8.0 W16 quadriturbo, que vai sair de cena praticamente 20 anos depois de ter surgido ao serviço do Veyron (em 2005, com 736 kW/1001 cv), são muitas as questões que se levantam em torno do sucessor do Chiron, hiperdesportivo respeitado pela potência (1500 ou 1600 cv, dependendo das versões) e pela tremenda eficácia. Um legado que está agora nas mãos de Mate Rimac, fundador e CEO da Rimac, marca croata de hiperdesportivos eléctricos que se fundiu com a Bugatti, depois de muita tinta ter corrido dando conta que o Grupo Volkswagen estava disposto a vender a marca francesa ou até mesmo a acabar com ela. A confirmação destes “rumores” foi avançada pelo próprio Mate Rimac numa das raras entrevistas que o empresário croata concede.

À Auto Express, o CEO da Bugatti revelou o que tem em mente para a marca, o que estava em cima da mesa antes da sua entrada, o que esperar do sucessor do Chiron e como é que Rimac e Bugatti não se vão canibalizar, já que esta última vai ter de transitar para mecânicas electrificadas e a primeira conquistou o respeito do mercado precisamente pelo domínio da tecnologia eléctrica. Dúvidas houvesse, basta recordar que o Rimac Nevera, o hiperdesportivo croata com quatro motores e 1914 cv é não só o eléctrico de série mais rápido do mundo, mas também o mais veloz.

Pelas declarações de Mate Rimac à referida publicação britânica, não passa pela cabeça do empresário de 34 anos que Bugatti e Rimac venham a concorrer entre si, embora o core business de ambas seja os hiperdesportivos. E foi justamente por isso que, quando o croata assumiu as rédeas do fabricante francês, tratou de imediato de colocar de lado a ideia de construir um… SUV. Por mais estranho que pareça, seria isso que estava nos planos da casa de Molsheim, com a Bugatti a preparar-se para seguir as pegadas de fabricantes como a Rolls-Royce, a Bentley, a Lamborghini e a Ferrari.

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Congelados esses planos, Mate Rimac está focado na concepção e desenvolvimento do sucessor do Chiron, assegurando desde já que o primeiro Bugatti com ele aos comandos vai ser “de loucos”, sem herdar qualquer peça do Chiron ou importar qualquer solução do Nevera, ao contrário do que seria expectável. Segundo o CEO dos dois construtores, o próximo hiperdesportivo francês vai partir do zero. Ou seja, terá direito a uma plataforma própria, concebida para maximizar o desempenho de uma mecânica híbrida. Isto porque, dois anos antes da fusão com a Rimac, a Bugatti já tinha começado a trabalhar numa nova motorização a combustão. Sucede que as limitações de emissões e a própria apetência dos consumidores por mecânicas electrificadas levaram o projecto a evoluir para um “rearranjo híbrido”. Mate revela-se muito entusiasmado com o potencial do novo grupo motopropulsor e, sem abrir mais o jogo, deixa a promessa de que o resultado final vai ser “insano”. Recorde aqui a saída das primeiras unidades do Chiron, do “Atelier” em Molsheim, há cinco anos:

Quanto à “separação de águas” entre Bugatti e Rimac, para o croata é evidente a estratégia a seguir: a Bugatti vai ser a marca conservadora e a Rimac a disruptiva. E a imagem que sugeriu é suficientemente exemplificativa do target de cada um dos fabricantes: a tradicional Bugatti tem um cliente que aprecia a instrumentação analógica e que aumenta o volume para ouvir ópera, enquanto conduz a 400 km/h numa Autobahn; já a inovadora Rimac apela aos “malucos” dos eléctricos que valorizam tecnologias futuristas, como modos autónomos de drift, por exemplo.

Resta esperar, mas até quando? Como o Mistral (vídeo abaixo) e o Bolide têm entregas programadas para 2024, o sucessor do Chiron não vai certamente chegar ao mercado antes de 2025. Mas a apresentação vai ser em 2023, pelo que já faltou mais para sabermos que trunfos esconde a Bugatti para surpreender os clientes e… a Koenigsegg!