No primeiro ano de pandemia e ensino à distância aumentaram os alunos que chumbaram ou abandonaram os estudos, quebrando-se a tendência de melhoria dos resultados, segundo dados oficiais, que apontam o ensino secundário como exceção.

Os dados consultados pela Lusa no portal lançado esta segunda-feira pela Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC) mostram a evolução das taxas de retenção e desistência dos alunos desde 2009 e revelam que em 2012/2013 começou uma tendência de melhoria dos resultados que se manteve ao longo dos anos.

Há uma década, era normal que um em cada 10 alunos chumbasse ou abandonasse a escola antes do tempo. Em 2012/2013, a taxa de insucesso atingiu os 12,5%, mas desde então veio a descer.

Em 2019/2020 chumbaram ou abandonaram a escola 3,9% dos alunos, segundo a nova ferramenta da DGEEC “Educação em Números”.

Mas esta tendência foi quebrada no primeiro ano de pandemia de covid-19, que obrigou ao confinamento e ao ensino à distância. Naquele ano, a taxa de transição de conclusão desceu ligeiramente para os 95,5% (menos 0,6 pontos percentuais).

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A única exceção foi o ensino secundário, onde aumentou ligeiramente a taxa de sucesso, passando de 91,5% para 91,7%.

O ensino secundário que é o que regista uma taxa de insucesso mais elevada foi o único que viu melhorar os seus resultados, passando de 8,5% para 8,3%.

Até 2020, os alunos eram obrigados a realizar exames nacionais para concluir o secundário, uma regra que foi suspensa durante a pandemia.

A realização de exames nacionais para a conclusão do ensino secundário vai ser retomada, segundo um anúncio feito na semana passada pelos ministérios da Educação e do Ensino Superior.

Os dados da DGEEC mostram que as escolas perderam um quinto dos seus alunos numa década, passando de cerca de dois milhões para 1,5 milhões.

Por outro lado, há um ligeiro aumento de professores nas escolas: Em setembro de 2014 eram cerca de 141 mil, seis anos depois eram 150 mil (mais nove mil).

No ano letivo de 2020/2021, um em cada cinco professores estava a contrato, segundo a DGEEC, que aponta para 21% de contratados versus 79% de professores dos quadros (em 2015, os contratados representavam 17% do total).

Em sentido contrário, houve uma ligeira diminuição dos funcionários das escolas ao longo dos últimos anos, assim como diminui a quantidade de estabelecimentos de ensino públicos.

Escolas perderam um quinto dos alunos em 10 anos

Os dados da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DHEEC)  indicam ainda que as escolas perderam um quinto dos seus alunos numa década, passando de dois milhões de alunos do pré-escolar ao ensino secundário para pouco mais de 1,5 milhões. Os números da DHEEC permitem ver a evolução do número de alunos ao longo dos últimos anos e perceber que há cada vez menos crianças nas escolas.

Em setembro de 2009, estavam inscritos cerca de 2.015 milhões de alunos e, em setembro de 2019 já eram 1.597 milhões, ou seja, numa década registou-se uma diminuição de 20%. Os dados da DGEEC permitem avançar mais um ano e ver que a tendência se mantém, já que no ano letivo de 2020/2021 eram 1,570 milhões: em apenas 11 anos a escola perdeu 444 mil crianças e jovens (menos 22%).

O Algarve foi a região onde menos se notou o fenómeno, já que em 11 anos perdeu menos de 10 mil alunos (passou de 83.360 alunos em 2009/2010 para 74.500 em 2020/2021), seguindo-se o Alentejo que sofreu uma diminuição de menos 31 mil alunos (de 133.944 para 102.579).

Em termos percentuais, a Área Metropolitana de Lisboa também foi das menos atingidas, apesar de passar de quase 527 mil para 482 mil.

Em sentido contrário, as escolas do norte foram as mais fustigadas pela redução de alunos, com menos 220 mil crianças e jovens inscritos (passando de 741.734 para 519.706).

As zonas de Lisboa e do Porto são as que concentram mais alunos: Em 2020, o município de Lisboa tinha 113 mil alunos, seguindo-se Sintra com mais de 57 mil estudantes, o Porto com quase 49 mil e Vila Nova de Gaia com 43 mil. Ainda na grande Lisboa surge Cascais com 37 mil alunos, Almada com quase 30 mil e a Amadora com 26 mil alunos.

Ao lado destes municípios, existem outros cinco que contam atualmente com menos de duzentos alunos: o Corvo tem apenas 62 alunos, Lajes das Flores tem 77, depois no Alentejo aparassem Alcoutim com 161 alunos e Barrancos com 166. No distrito de Leiria, surge Castanheira de Pera com 193 alunos.