Wayne Griffiths é o CEO da Seat SA, o grupo espanhol integrado no conglomerado alemão Volkswagen AG, que inclui a Seat e a Cupra. Nas últimas décadas, a Seat sempre vendeu veículos sobre o mesmo chassi e com as mesmas mecânicas da VW e Audi, mas um preço mais convidativo, seguindo uma estratégia que não difere muito da adoptada pela Skoda, outra marca com o estatuto de acessível dentro do grupo germânico. Daí que seja estranho Griffiths defender que a Seat não pode continuar a oferecer veículos eléctricos, ao contrário do que é permitido à Skoda.
Em conversa com a Autocar, Griffiths explicou que a estratégia da Seat SA para os próximos tempos passa por favorecer a Cupra, que comercializa os seus veículos com uma imagem mais desportiva, o que lhes permite ser mais caros, com vantagens para a rentabilidade. Isso leva a que a Cupra, que já possui o Born eléctrico, vá juntar à sua gama o Tavascan em 2024 e o UrbanRebel em 2025, reforçando assim a sua oferta de modelos alimentados exclusivamente a bateria. Ao contrário do que acontecerá com a Seat, que se ficará pelos veículos com motores de combustão. O primeiro modelo eléctrico da Seat não chegará antes de 2026, segundo Wayne Griffiths.
O CEO do grupo espanhol avança ainda que a Seat focará a sua estratégia na “micromobilidade, dando continuidade à scooter Mó a bateria, bem como a próxima variante com quatro rodas, o Minimó”. Wayne Griffiths admite que não é possível electrificar as duas marcas em simultâneo, pelo que “a Cupra será eléctrica e a Seat a combustão”.
Curiosamente, a VW nunca teve dificuldades em coabitar com a Audi, que poderá ser vista como a Cupra da marca que dá o nome ao grupo. E o Observador chegou mesmo a questionar a Skoda, o fabricante da Volkswagen AG mais próximo da Seat em termos de filosofia, sobre se sentia necessidade de criar uma marca mais premium para elevar a sua rentabilidade, a que os responsáveis da marca checa responderam que já tinham “a Laurin & Klement para comercializar versões mais caras e rebuscadas”, pelo que “nunca irão propor uma ‘Cupra’ na Skoda”.
De recordar que Luca de Meo, o anterior CEO do grupo espanhol e apontado como o mentor espiritual de Wayne Griffiths, afirmou em 2019 que os recordes de vendas atingidos nos últimos anos confirmaram a estratégia correcta e a ofensiva competitiva de produtos lançados, o que levou a Seat a transaccionar 591.809 unidades nesse ano, bem acima dos 517.600 veículos em 2018 e 468.400 em 2017.