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O Presidente da República já garantiu que tem “acompanhado permanentemente a situação” após o “ato criminoso” que decorreu no Centro Ismaili, em Lisboa, disse que tem estado em contacto com o Governo e sublinhou que, apesar de ainda estarem a decorrer investigações, “as primeiras indicações apontam para um ato isolado”.

Numa nota curta enviada às redações, Marcelo Rebelo de Sousa apresentou ainda os “sinceros pêsames pelo ato criminoso” ao representante do Imamat Ismaili em Lisboa, Nazim Ahmad e solicitou que os mesmos sejam transmitidos ao Príncipe Aga Kahn e às famílias das vítimas.

Também António Costa já expressou solidariedade para com a comunidade ismaelita e as famílias das vítimas, mas recusou avançar com quaisquer comentários sobre as potenciais motivações do ataque. “É prematuro fazer qualquer interpretação sobre as motivações deste ato criminoso”, disse o primeiro-ministro. “Tudo indica que foi um ato isolado”, acrescentou ainda quando questionado durante as jornadas parlamentares do PS.

Vítimas mortais de ataque no centro ismaili são duas mulheres portuguesas. Costa diz que é prematuro falar de motivações do ato criminoso

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A ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares reagiu ao ataque desta manhã através do Twitter e confessou-se em “choque”. “Exprimo toda a minha solidariedade com as famílias das vítimas e à comunidade, e saúdo a pronta atuação das forças de segurança”, escreveu Ana Catarina Mendes.

Nas horas que se seguiram ao ataque no Centro Ismaili de Lisboa, vários políticos foram reagindo nas redes sociais para expressar solidariedade para com as vítimas e muitos alertando para a necessidade de haver uma condenação forte na justiça. Já André Ventura culpou o Governo e o que classificou como “uma política de bandalheira e portas abertas”.

O Presidente da Assembleia da República condenou o “ataque vil” e usou o Twitter para prestar solidariedade às vítimas. Já Luís Montenegro descreveu o como “um crime hediondo que a justiça deve punir exemplarmente”. “Manifesto a minha solidariedade e pesar às famílias das vítimas e ao Centro Ismaili de Lisboa. Cumprimento a PSP pela rápida e eficaz intervenção”, escreveu o presidente do PSD no Twitter.

Carlos Moedas, como presidente da Câmara Municipal de Lisboa e representando o “sentimento comum a todos os lisboetas”, manifestou uma “profunda tristeza com a notícia do crime hediondo no seio da comunidade ismaelita”.“Apresento os meus sentimentos às famílias e a esta nossa comunidade tão importante para a cidade”, escreveu numa nota enviada às redações.

Rui Rocha reagiu no Twitter ao ataque no Centro Ismaili de Lisboa, assistiu com “profunda tristeza” ao “ataque fatal” e sublinhou que se trata de um “ato chocante que merece uma profunda condenação”.

A coordenadora do Bloco de Esquerda realçou que o partido está “perplexo com a notícia”. “Condenamos veementemente o duplo assassinato ocorrido hoje no Centro Ismaelita de Lisboa, que desenvolve um trabalho imprescindível no acolhimento a refugiados”, afirmou Catarina Martins nas redes sociais, onde deixou ainda condolências à família das vítimas e comunidade ismaelita.

Também o líder parlamentar do Bloco, Pedro Filipe Soares, expressou pesar pelas pessoas assassinadas no Centro Ismaili, “local onde o trabalho de acolhimento a refugiados é referência nacional”.

Rui Tavares, deputado do Livre, disse estar de “alma e coração com a comunidade ismaelita portuguesa e com o Centro Ismaili de Lisboa” e lembrou que a comunidade ismaelita “há décadas desenvolve um trabalho ímpar humanitário, social e filantrópico”.

A porta-voz do PAN, Inês Sousa Real deixou a sua “solidariedade e pesar” para com as famílias das vítimas e a comunidade ismaelita. E, apesar de frisar que as motivações do atacante não são conhecidas e que o ato parece ter sido “isolado”, defendendo que as autoridades competentes é que devem pronunciar-se, a líder do PAN não deixa de dizer que “em qualquer ato criminoso está sempre presente uma intolerância que não devemos aceitar, e que repudiamos”.

“Nunca é demais relembrar a importância de sermos uma sociedade tolerante, de respeito pelo próximo, independentemente das diferenças que possamos ter do ponto de vista cultural, religioso, social, entre outras dimensões”, defendeu, num vídeo enviado às redações.

Nuno Melo afirmou também que o crime é “gravíssimo, movido a ódio, sem lugar em nações civilizadas, com características raramente vistas em Portugal” e espera que o crime seja “exemplarmente condenado pelo Estado”.

Entretanto, o caso já está a motivar troca de acusações políticas. No Twitter, André Ventura apontou o dedo diretamente ao Governo socialista. “A política de portas abertas sem qualquer controlo deu nisto. O sangue destas vítimas é responsabilidade do criminoso afegão, mas está nas mãos do governo de António Costa”, escreveu.

Estas palavras de Ventura já mereceram a censura de Margarida Balseiro Lopes, vice-presidente do PSD, que recordou na mesma rede social que ainda não são conhecidos os contornos do “caso”, nem tão pouco as “motivações” do agressor. “Sem conhecer os contornos ou as motivações que levaram a este ataque hediondo, há quem se apresse em acicatar ódios e de forma oportunista fazer política com a desgraça alheia. Miserável”, escreveu a social-democrata.

Mas Ventura não ficou por aqui: na tarde desta terça-feira, deu uma conferência de imprensa em que insistiu que a situação está “nas mãos” de António Costa pela “política de bandalheira” sem controlo dos refugiados que chegam e que, segundo Ventura, é preciso controlar mais atentamente se vierem de “estados falhados com fundamentalismo islâmico” como “Afeganistão ou Paquistão”, ao contrário de “Espanha, Angola ou Brasil”.

O líder do Chega insistiu em que se deve saber, até ao fim do dia, se está em causa uma investigação por terrorismo e atirou que o atacante “provavelmente não tinha nenhumas condições para estar em Portugal”. Mas disse não estar a “discriminar” nenhuma comunidade, apesar de ainda não serem conhecidos, como admitiu, os contornos da investigação em curso.

Ouça aqui o relato de Nizam Mirzada, irmão de uma aluna que testemunhou o ataque, em declarações à Rádio Observador