Um estudo feito pela consultora EY tentou medir o pulso ao impacto económico e social da presença da Microsoft em Portugal. Entre o montante resultante da atividade da tecnológica no país e a produtividade gerada pelos produtos e serviços na rede de parceiros, estima-se que anualmente a empresa gere receitas de 4,9 mil milhões de euros para a economia portuguesa, o equivalente a 2,4% do PIB.

Num encontro virtual com a imprensa, Andrés Ortolá, o diretor-geral da Microsoft Portugal, explicou que o objetivo do estudo passou por tentar perceber qual é o contributo da tecnológica “para ajudar o país a crescer” e o “impacto destes 33 anos de história” em território nacional.

As estimativas feitas pela EY são “conservadoras em alguns pontos”, admite Hermano Rodrigues, da consultora, que explicou que se tentou apurar efeitos diretos, indiretos e induzidos da atividade da Microsoft em Portugal, assim como “efeitos catalisadores” decorrentes da utilização de produtos da empresa nas companhias portuguesas, nomeadamente na área da produtividade.

A EY estimou que existam ganhos anuais das empresas portuguesas na ordem de 1,7 mil milhões de euros pela utilização de soluções tecnológicas Microsoft, excluindo o recurso à plataforma Teams. A ferramenta de colaboração teve direito a uma análise à parte, devido à “magnitude do impacto” e à “adoção massiva”, especialmente pelo aumento do trabalho remoto. É estimado ainda que, através do uso do Teams, possam existir ganhos de produtividade na ordem de 1,7 mil milhões de euros e um ganho de produtividade de até 1,25 horas semanais por semana e por trabalhador.

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A análise incluiu uma área sobre a criação de emprego, referindo que cada emprego direto da Microsoft pode ter um efeito multiplicador de 21 postos de trabalho. No total, entre postos de trabalho diretos, indiretos e induzidos, estima-se que o ecossistema Microsoft tenha gerado 28.624 empregos. Deste bolo total, 11.063 são empregos diretos, contando com a Microsoft (1.529 empregados em 2022) e parceiros; 9.362 são empregos indiretos e ainda uma estimativa de 8.199 empregos induzidos. A EY explicou que, uma vez que as remunerações pagas pela Microsoft e parceiros são acima da média, rondando os 2.500 euros mensais, é alavancado o consumo.

A análise refere que o número de trabalhadores da Microsoft em Portugal cresceu 265% entre 2017 e 2022, passando de 418 para 1.529 trabalhadores, segundo dados do final de junho de 2022. O número de empregados mantém-se em 2023, disse a Microsoft durante uma videochamada. A casa-mãe anunciou despedimentos em janeiro, à semelhança de outras tecnológicas, mas as informações sobre oscilações de trabalhadores nas subsidiárias têm sido raras.

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Na área fiscal, foi apresentada uma estimativa de receita anual de 49 milhões de euros devido às “atividades desenvolvidas pelo ecossistema” da empresa, sobretudo devido a impostos sobre o rendimento. Não há, no entanto, um montante mais específico de impostos pagos anualmente pela Microsoft no país. “Fizemos opções”, explicou Hermano Rodrigues, da EY, reconhecendo que foi um dos temas que poderia “ter sido explorado”, assim como os contributos em termos de internacionalização. “Parecia-nos que havia questões mais impactantes” para explorar.

A Microsoft Portugal contribuiu também para a formação em competências digitais. 417 mil pessoas foram capacitadas digitalmente entre junho de 2020 e dezembro de 2020 através da plataforma MS Learn e do LinkedIn Learn e 330 mil passaram a ter formação em tecnologias da Microsoft através do IEFP. Estima-se que a tecnológica Microsoft tenha promovido a capacitação de um em cada cinco portugueses de forma gratuita.