As bibliotecas de Hong Kong têm sido alvo de um processo de eliminação de todos os livros que contenham referências ao Massacre da Praça de Tiananmen, assim como aos protestos pró-democracia que ocorreram em 2020.

No mês passado, o governo chinês instruiu as bibliotecas públicas de Hong Kong a aumentarem os seus esforços para garantir que as suas instalações não tinham material “contrário à segurança nacional”. De acordo com o The Independent, palavras-chave como ” Tiananmen”, “protesto” e “revolução” não correspondiam a quaisquer resultados quando procuradas no catálogo das bibliotecas públicas de Hong Kong.

Um relatório do governo emitido no mês passado anunciou que o departamento de cultura, responsável pela gestão das bibliotecas públicas de Hong Kong, tinha terminado uma revisão preliminar dos livros focados em autores e editoras “suspeitas de publicar livros em relação à ‘independência de Hong Kong'”. Esta filtragem dos livros com alusões à independência e à democracia começou em 2021.

Uma agência de notícias de Hong Kong, segundo o The Guardian, procurou por 149 livros que estavam disponíveis em 2009, e encontrou apenas quatro correspondências no catálogo das bibliotecas públicas de Hong Kong. Outra agência afirma que cerca de 40% dos livros, revistas e vídeos com temas políticos disponíveis no final de 2020 tinham desaparecido dos registos das bibliotecas, tendo 96 destes sido removidos este ano. Por fim, alguns livros sobre o Massacre de Tiananmen pesquisados pelo The Guardian mostraram correspondência no site, embora seguidos do aviso em como “não há cópias disponíveis nas prateleiras”.

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Livros com conteúdo suspeito de violar a lei de segurança nacional ou outras leis locais são removidos imediatamente para uma revisão“, explicou ao South China Morning Post um porta-voz do departamento de serviços culturais e de lazer. Várias figuras do governo têm defendido uma ação contra os livros como salvaguarda da segurança nacional.

Embora o líder do executivo de Hong Kong, John Lee, tenha afirmado que os livros permanecem disponíveis em livrarias privadas, ativistas e residentes da cidade afirmam que vários livreiros removeram os mesmos livros dos seus catálogos por receio de violarem a lei de segurança nacional.

O que as bibliotecas precisam de fazer é garantir em relação aos livros que não sejam apropriados para circulação, é realizar o seu dever”, afirmou esta terça-feira o secretário de Segurança de Hong Kong, Chris Tang. “Os princípios que seguimos, e que eu apoio, são em primeiro lugar garantir que não há nenhuma violação da lei em Hong Kong, incluindo claro os direitos de autor, e também perceber se [os livros] espalham algum tipo de mensagens que não sejam no interesse de Hong Kong.”

Em 2021, o secretário de segurança tinha afirmado que os setores da cultura e dos media eram uma fonte emergente de ameaças à segurança nacional, onde ativistas pró-independência podiam realizar “uma resistência ligeira”.