Siga aqui o nosso liveblog sobre a guerra na Ucrânia

Os Estados Unidos expressaram “preocupações” junto do governo de Moçambique com o facto de um navio russo sob sanções de Washington ter atracado em janeiro num porto do país, disse esta quinta-feira à Lusa a porta-voz da embaixada dos EUA em Maputo.

“A embaixada dos EUA manifestou preocupações junto de representantes do governo moçambicano sobre a ancoragem de um cargueiro russo sancionado pelos Estados Unidos num porto da Beira, em janeiro deste ano”, referiu, em resposta a questões colocadas pela Lusa.

“Desde antes do início da invasão ilegal da Ucrânia pela Rússia, os Estados Unidos e parceiros têm trabalhado com governos de todo o mundo para restringir o acesso da Rússia a tudo o que apoie os seus militares“, acrescentou, sem mais detalhes.

Em causa está a viagem do cargueiro russo “Lady R”.

O embaixador norte-americano em Pretória, Reuben Brigety, disse há uma semana que a África do Sul tinha carregado armas e munições para aquele navio na Base Naval de Simon’s Town, perto da Cidade do Cabo, que depois seguiram para a Rússia.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Presidente do parlamento moçambicano defende reforço da cooperação com a Rússia

Na sequência dos comentários de Brigety, o Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, disse que já tinha sido iniciada uma investigação (com ajuda de serviços de informação norte-americanos) sobre a visita do cargueiro russo “Lady R”, em dezembro – acrescentando o seu gabinete que não havia provas de qualquer venda de armas.

Entretanto, na sexta-feira, o diplomata dos EUA veio a público reafirmar “a forte aliança” com a África do Sul no sentido de “corrigir qualquer má interpretação” das suas palavras e o lado sul-africano referiu que, num encontro, o embaixador “admitiu ter ultrapassado os limites e pediu desculpas”.

Em paralelo a este episódio, uma análise a registos feita pela agência de notícias Associated Press (AP) indicou que o cargueiro “Lady R” está ligado a uma empresa que foi sancionada pelos Estados Unidos por já ter transportado armas para o governo russo e ajudar no seu esforço de guerra.

Ao mesmo tempo, o canal televisivo Al Jazeera citou dados da multinacional Refinitiv a indicar a paragem do cargueiro entre 7 e 11 de janeiro no porto da Beira, depois de ter saído da base naval de Simon’s Town e antes de continuar para Porto Sudão, no Mar Vermelho.

Moçambique solidariza-se com vítimas na Ucrânia e Japão condena ameaça nuclear

A Lusa procurou reações e informações adicionais junto do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação (Minec) moçambicano e do Ministério dos Transportes, mas em ambos os casos o assunto foi encaminhado para a Autoridade Marítima da província de Sofala, por sua vez sem informações adicionais sobre a paragem do cargueiro, confirmada por outras fontes portuárias.

Moçambique tem assumido uma posição de neutralidade face à invasão russa da Ucrânia, abstendo-se nas votações de condenação à Rússia nas Nações Unidas e apelando ao diálogo para terminar o conflito, a partir do seu lugar de membro não-permanente no Conselho de Segurança da ONU.