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Pela primeira vez desde o início da guerra na Ucrânia, um ataque de grandes dimensões atingiu a capital russa, Moscovo. Durante a madrugada desta terça-feira, pelo menos oito drones foram neutralizados pelas forças russas sobre os céus de Moscovo, não sem antes causarem alguns danos em edifícios residenciais na capital russa. O Kremlin apressou-se a acusar a Ucrânia de um ataque terrorista e Kiev nega o envolvimento — mas os contornos do que se passou ainda não são totalmente conhecidos.

O que já se sabe

  • Oito drones aproximaram-se na madrugada desta terça-feira da capital russa, Moscovo. A informação foi inicialmente avançada pelo presidente da câmara de Moscovo, Sergei Sobyanin, num comunicado publicado no Telegram, no qual deu conta da existência de dois feridos e de vários danos em edifícios residenciais. Mais tarde, as autoridades federais russas confirmaram estar a investigar o caso e deram mais detalhes: eram oito drones e foram todos neutralizados. Três foram desviados e cinco abatidos — e terão sido os detritos resultantes a causar os danos nas casas. As explosões foram registadas entre as 6h15 e as 7h00 locais (entre as 4h15 e as 5h00 de Lisboa).

Rússia acusa Ucrânia de “ataque terrorista” após queda de drones em Moscovo

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  • Pelo menos um edifício da zona sul da cidade teve de ser evacuado devido à queda dos detritos, mas os habitantes puderam entretanto regressar às suas casas. Duas pessoas receberam assistência médica no local, mas ninguém precisou de ser hospitalizado.
  • A queda dos drones está a ser investigada pelo Comité de Investigação da Federação Russa, o mais importante organismo de investigação criminal de nível federal da Rússia — que já garantiu que “as pessoas envolvidas no crime estão a ser identificadas”.
  • O governo russo já acusou a Ucrânia de ter levado a cabo um “ataque terrorista” contra a capital. “Esta manhã, o regime de Kiev lançou um ataque terrorista com veículos aéreos não tripulados contra objetos da cidade de Moscovo”, disse o Ministério da Defesa da Rússia, numa nota publicada no Telegram. No mesmo sentido, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, acrescentou mais tarde que os ataques foram “contra alvos civis” e acusou o Ocidente de estar a armar a Ucrânia com mais equipamentos e munições.
  • A retórica russa sobre o que se passou evoluiu, ainda durante o fim da manhã, com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, a afirmar que a Rússia “tem o direito de tomar medidas mais drásticas” depois do ataque, e com o próprio Presidente russo, Vladimir Putin, a alegar que Kiev está a atacar “alvos civis”.
  • Já o porta-voz do Kremlin viu aqui uma retaliação da Ucrânia. “É claro que estamos a falar da resposta do regime de Kiev ao nosso ataque muito eficaz a um dos centros de decisão“, no domingo, disse Dmitri Peskov, citado pela agência espanhola EFE. O ataque russo com “drones” contra Kiev, no domingo, foi o maior do género contra a capital ucraniana desde o início da guerra, acrescentou, sublinhando que o ataque a Moscovo “confirma, mais uma vez, a necessidade de continuar a operação militar especial e atingir os objetivos estabelecidos”.

“Ataque com drones foi o maior do género desde o início da guerra”. Rússia diz que operação em Moscovo é ação punitiva de Kiev

  • Por outro lado, o chefe dos mercenários do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, já se mostrou furioso com o ataque a Moscovo. Numa mensagem áudio que circula nas redes sociais, Prigozhin deixou duras críticas ao Ministério da Defesa russo, questionando o Kremlin sobre porque é que permitiu que oito drones alcançassem Moscovo — e incitando a população russa a exigir explicações ao Kremlin.

  • Por seu turno, o governo ucraniano já negou o envolvimento de Kiev no ataque. “Quanto aos ataques: claro que gostamos de ver e antecipamos um aumento do número de ataques. Mas claro que não temos nada a ver com isto, diretamente”, disse esta terça-feira Mykhailo Podolyak, conselheiro do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, durante uma entrevista a um canal do YouTube, citada pelo jornal britânico The Guardian.
  • É a primeira vez que a guerra na Ucrânia se aproxima verdadeiramente dos habitantes de Moscovo — algo que, segundo Vladimir Putin, não aconteceria. Até aqui, a intervenção ucraniana em solo russo tinha ocorrido exclusivamente em regiões fronteiriças, além da situação registada no início de maio sobre o Kremlin, em Moscovo, onde a explosão de dois drones levantou várias teorias da conspiração sobre a possibilidade de se ter tratado de uma encenação russa.

O que ainda falta saber

  • Quem conduziu o ataque? Por um lado, Moscovo acusa Kiev de levar a cabo um ataque terrorista na capital russa; por outro lado, Kiev rejeita ter tido envolvimento direto no ataque. Alguns olhos podem agora virar-se para as milícias russas anti-Putin que, nos últimos dias, têm conduzido ataques em solo russo, mas apenas nas regiões fronteiriças, como Belgorod — embora não exista qualquer confirmação do envolvimento destes grupos no ataque.
  • Que drones foram usados? Ainda não se sabe ao certo qual o armamento específico que foi usado no ataque. Segundo o The Guardian, que analisou imagens que circularam nas redes sociais, pelo menos um dos drones terá sido um UJ 22, um drone de fabrico ucraniano feito pela empresa Ukrjet — um drone que a Rússia diz já ter sido usado noutros ataques ucranianos.