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As autoridades polacas acreditam que os serviços secretos das forças armadas russas (conhecidos pela sigla GRU) recrutaram “amadores” através da internet — sobretudo refugiados ucranianos — para levarem a cabo operações sensíveis, desde a interceção, na Polónia, de carregamentos de armas para a Ucrânia a assassinatos ou fogo posto.

Segundo o The Washington Post, que publicou uma investigação detalhada, os anúncios começaram a ser publicados online, incluindo no serviço de mensagens instantâneas Telegram, no início do ano, e incluíam responsabilidades diversas, como afixar panfletos ou pendurar cartazes em espaços públicos.

Para alguns refugiados do leste da Ucrânia foi uma oportunidade para ganhar dinheiro. Mas rapidamente perceberam que os anúncios não revelavam tudo: entre as tarefas, estavam a distribuição de propaganda pró-russa “em nome de um empregador anónimo”, descreve o jornal.

Para quem cumprisse as tarefas, a dificuldade e o risco ia aumentando e, em pouco tempo, os “amadores” passaram a ter de vigiar os portos marítimos polacos, a colocar câmaras ao longo dos caminhos de ferro e a esconder dispositivos de localização na carga militar, segundo os investigadores polacos.

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Em março, chegaram novas ordens: era preciso fazer descarrilar comboios que transportavam armas para a Ucrânia. O objetivo da Rússia seria interromper um circuito de armas que fazia chegar às forças ucranianas mais de 80% do equipamento militar que lhe era entregue. Os investigadores reuniram provas que sugerem que a Rússia preparava operações mais letais, como ataques com fogo posto e assassinatos.

As autoridades polacas acreditam, agora, que o empregador eram os serviços secretos das forças armadas russas, a GRU. E que a operação foi a mais séria ameaça russa em solo da NATO desde que a Rússia invadiu a Ucrânia. O esquema foi detetado a tempo de produzir consequências de maior para a Ucrânia.

A “equipa de amadores” era constituída, sobretudo, por jovens na casa dos 20 anos (um tinha apenas 16 anos). Alguns deles acabaram detidos (o Washington Post fala em pelo menos 12 refugiados ucranianos nesta situação).