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Neres, o David que marca, assiste e alegra bancadas como um Golias (a crónica do Portimonense-Benfica)

Este artigo tem mais de 6 meses

Kökçü é aquele nome difícil que torna o jogo fácil e para a frente. No entanto, com Di María de fora, foi Neres que fez a festa como titular no dia em que os adeptos fizeram as pazes com Trubin (1-3).

David Neres assistiu Musa para o segundo golo, marcou o terceiro e foi o melhor jogador do Benfica frente ao Portimonense
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David Neres assistiu Musa para o segundo golo, marcou o terceiro e foi o melhor jogador do Benfica frente ao Portimonense

EPA

David Neres assistiu Musa para o segundo golo, marcou o terceiro e foi o melhor jogador do Benfica frente ao Portimonense

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Tudo o que podia correr mal, correu ainda pior. A receção do Benfica ao Salzburgo teve erros individuais em catadupa sobretudo no plano defensivos, várias oportunidades falhadas, aquela grande penalidade que fez com que António Silva deixasse a equipa reduzida a dez ainda no quarto de hora inicial, uma exibição que vai constar das melhores na lista de carreira do guarda-redes Schlager. Até em pequenos pormenores aquilo que podia mudar o rumo dos acontecimentos ficou encalhado na lei de Murphy que se abateu em pleno Estádio da Luz, como aquele cabeceamento de João Neves após canto ao segundo poste num esquema que as águias ainda não tinham conseguido em jogo esta época que esbarrou numa defesa em cima da linha de golo. No final, ficou aquela manifestação de apoio por parte dos adeptos. Mas também uma derrota. E as dúvidas.

Portimonense-Benfica. Águias tentam voltar às vitórias após entrada a perder na Champions

Dúvidas porque em sete encontros oficiais realizados até à deslocação a Portimão o Benfica tinha consentido outros tantos golos numa instabilidade defensiva atípica na era Roger Schmidt. Dúvidas porque, depois de uma novela com vários capítulos que estiveram longe de recolher unanimidade no universo encarnado, a saída de Odysseas Vlachodimos para a entrada de Anatoliy Trubin (Samuel Soares funcionou como uma mera ponte de transição) deixou o ucraniano mais exposto à crítica pelos lances mal resolvidos na estreia na Liga dos Campeões. Dúvidas porque, sendo verdade que Aursnes é bom em qualquer posição, nem sempre o Benfica é bom em todas as posições quando o norueguês ocupa a lateral esquerda da defesa. Dúvidas porque ninguém duvida do potencial de Alexander Bah mas pode colocar-se em causa o atual momento. O Benfica não perdeu nada com o desaire frente ao Salzburgo mas procurava dar uma resposta frente ao Portimonense.

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“Os jogadores estão cansados e desapontados. Perdemos um jogo importante. O desapontamento é mais pelo resultado do que pela performance. Cometemos dois erros, tivemos muitas oportunidades para marcar mas nos dias seguintes temos de lidar com isso, olhar em frente para o próximo jogo e tentar ganhar. Estamos preparados. Esperamos fazer um bom jogo. Jogo importante por ser antes da receção ao FC Porto? Todos são cruciais. Depois de uma derrota, o próximo jogo é ainda mais importante porque queremos voltar a vencer e ter esse sentimento de vencer jogos. É o que temos de fazer. Estamos preparados e já mostrámos que podemos ultrapassar este tipo de situações”, destacara Roger Schmidt, entre a defesa de vários jogadores.

“Trubin? O jogo faz parte do processo dele, do seu crescimento. Todos têm pressão aqui no Benfica porque os objetivos são elevados. A pressão não é só para o guarda-redes, também para os avançados há essa pressão. Tem experiência, é um jogador com muito talento e já com muita experiência mas claro que jogar pelo Benfica é uma situação nova. Não foi a melhor performance no início mas o que se passou faz parte do crescimento dele. Bah? A concorrência é sempre boa e ele tem concorrência. Bah está em muito boa forma, está a jogar bem. Fez um erro no 0-1 com o Salzburgo. Podia ter sido mais inteligente porque se ele caísse haveria falta mas manteve-se a pé e falhou um pouco o passe para o guarda-redes mas o Bah está em boa forma”, argumentou o técnico alemão, falando ainda do avançado Arthur Cabral: “Chegou depois da pré-época. Tentámos que jogasse desde início, para se habituar aos jogadores. Às vezes funciona muito rápido e o jogador ganha confiança mas não foi o início esperado e fomos obrigados a tomar decisões por isso”.

Em paralelo, e também no prolongamento do que aconteceu na Luz frente ao Salzburgo, o nome de David Neres mereceu comentários por parte de Schmidt, sem explicar na antecâmara da partida se o brasileiro que os adeptos pediam na segunda parte do jogo com os austríacos podia entrar na equipa inicial. “Tentamos encontrar sempre o melhor equilíbrio na frente mas temos Rafa e Di María num grande momento com bola, a assistir e a marcar, e também a trabalharem muito sem bola, fazendo parte dos momentos de pressão. Tenho de encontrar um equilíbrio para que a equipa não seja demasiado ofensiva nem defensiva. Tenho sempre de tomar a decisão correta para cada jogo. Às vezes os jogadores que estão à frente estão muito bem mas é preciso ter paciência”, salientou o germânico sobre o jogador que tem mexido saído do banco.

Agora, também fruto da ausência por lesão de Ángel Di María (que está em dúvida para o clássico com o FC Porto na próxima sexta-feira), Neres foi mesmo titular. E não foi a única alteração nas opções iniciais, com Morato a substituir António Silva no eixo central recuado e Florentino Luís a entrar como ‘6’ na posição de João Neves – um dos melhores na partida com a formação austríaca. E se é verdade de Kökçü mostrou que um nome difícil pode tornar o futebol fácil com uma invulgar capacidade de levar jogo para a frente e criar quase todas as oportunidades através de passes longos antes de sair ao intervalo já a pensar no clássico, foi David Neres a justificar o estatuto de Golias de fora para dentro de campo num encontro onde marcou, assistiu, jogou e voltou a ser a alegria das bancadas que fizeram as pazes com Trubin, que na altura certa segurou o Benfica ao defender uma grande penalidade que podia ter mudado por completo a partida.

Ficha de jogo

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Portimonense-Benfica, 1-3

6.ª jornada da Primeira Liga

Portimão Estádio, em Portimão

Árbitro: Hélder Malheiro (AF Lisboa)

Portimonense: Vinícius; Igor Formiga (Guga, 46′), Alemão, Pedrão, Relvas, Gonçalo Costa (Paulinho, 80′); Dener (Maurício, 80′), Carlinhos, Paulo Estrela (Rildo, 39′); Jasper e Hélio Varela (Zinho, 90′)

Suplentes não utilizados: Gabriel, Seck, Lucas Ventura e Alcobia

Treinador: Paulo Sérgio

Benfica: Trubin; Bah (Jurásek, 46′), Otamendi, Morato, Aursnes; Florentino Luís (Tomás Araújo, 85′), Kökçü (João Neves, 46′); David Neres, Rafa (Tengstedt, 90′), João Mário e Musa (Arthur Cabral, 46′)

Suplentes não utilizados: Samuel Soares, António Silva, Chiquinho e Tiago Gouveia

Treinador: Roger Schmidt

Golos: Bah (5′), Musa (17′), Hélio Varela (56′) e David Neres (66′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Hélio Varela (35′)

O Benfica conseguiu contrariar aquilo que foi o inicio da partida com o Salzburgo e recuperou os inícios que tivera com V. Guimarães e Vizela, não só a nível de domínio e controlo do jogo mas também na vantagem no marcador. Para isso houve também uma nuance em termos de posicionamentos que sendo a antítese daquilo que é normal ver nos encarnados acabou por funcionar como chave para desbloquear o povoamento denso dos algarvios sem bola na defesa, com a colocação de João Mário à direita e Neres à esquerda com movimentos para os quais a defesa contrária não estava preparada e que permitiam que fossem os dois laterais a dar a profundidade e a largura ao jogo ofensivo diante de um Portimonense que não existia no último terço e tinha grandes dificuldades em ligar mais de três/quatro passes seguidos no seu meio-campo.

A isso juntou-se depois a eficácia, não só no remate final mas também na construção e no último passe. Foi assim que Alexander Bah inaugurou o marcador, numa jogada coletiva de envolvência que colocou a bola em João Mário ao meio para amortecer no lateral em carreira de tiro antes do remate cruzado de fora da área que não deu hipóteses a Vinícius (5′). Foi assim que Petar Musa chegou ao quarto golo na época (o terceiro na Liga, segundo consecutivo), tendo apenas de encostar isolado na área e sem guarda-redes na baliza depois de uma jogada que começou numa progressão com bola de Kökçü até ao passe a explorar a velocidade de David Neres na profundidade para a assistência fatal (17′). Foi assim que, pelo meio, o mesmo Neres recebeu de Rafa descaído na esquerda e rematou forte para a “mancha” de Vinícius a evitar males ainda maiores (8′).

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Portimonense-Benfica em vídeo]

A partir dos 25 minutos, o Benfica acabou por tirar um pouco o pé de acelerador. Não adormeceu de forma drástica, não deixou de procurar jogar para a frente sempre com o jogo a passar pelos pés de Orkun Kökçü, não teve a mesma intensidade e capacidade de reagir à perda como no início da partida. De forma natural, e mesmo com esse ritmo mais relax, foram-se sucedendo mais oportunidades para aumentar a vantagem entre uma única tentativa de remate do Portimonense por Carlinhos que saiu ao lado (33′) e sempre com Rafa na parte da finalização e o turco no último passe: primeiro apareceu isolado, fintou Vinícius mas não arriscou o remate de pé esquerdo e perdeu espaço (32′); depois voltou a receber na profundidade, tentou enquadrar-se com a baliza mas o guarda-redes brasileiro “roubou” o ângulo (36′). João Mário, num tiro que acabou por sair à figura, teve a última tentativa de um intervalo que chegaria mesmo com “apenas” 2-0.

Ao intervalo, presumivelmente por mera gestão de esforço (embora Bah se tenha queixado de um toque num pé durante o primeiro tempo), Roger Schmidt fez logo três alterações tirando de campo aqueles que estavam a ser os principais destaques da equipa a par de David Neres: Kökçü, Bah e Petar Musa. Entraram Jurásek, João Neves e Arthur Cabral, com essa preocupação de manter a equipa solta e competitiva sem dar aqueles ares de que o jogo estava feito, e entre duas boas combinações sem remate houve uma tentativa de Neres da esquerda para o meio com tiro de pé direito que passou muito perto da trave (54′). Depois, tudo mudou num par de minutos. E não mudou mais porque Trubin apareceu: Hélio Varela aproveitou uma boa recuperação com lançamento longo de Jasper para entrar na área e rematar cruzado para o 2-1 (56′), Rildo teve depois um penálti por mão na bola de Morato na área mas o ucraniano conseguiu defender (60′).

Sem qualquer necessidade, alguns passes errados acompanhados de desposicionamentos que não estavam a ser frequentes na equipa (foi Florentino Luís que tentou fazer de lateral direito a travar Hélio Varela no lance do 2-1, por exemplo) colocaram o encontro de tal forma em aberto que poderia ter mesmo ficado empatado. Mais: o jogo foi ficando mais partido, com tudo o que isso tinha de risco para o Portimonense mas também de perigoso para o Benfica. Entre os dois pratos da balança, o brinde acabou por cair para os encarnados, com Rafa a conduzir em velocidade e a assistir David Neres no momento certo para o remate cruzado na área descaído sobre a esquerda que fez o 3-1 e quase arrumou a questão (66′). Até ao final, seria o Benfica a ter ainda possibilidades de aumentar a vantagem tendo Neres a arriscar, a jogar e a assistir mas entre vários momentos pouco felizes de Arthur Cabral o resultado não mais voltaria a mexer no Algarve.

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