A Ordem dos Farmacêuticos manifestou, por escrito, ao governo Regional dos Açores a disponibilidade de as farmácias comunitárias participarem no processo de vacinação contra a Covid-19, à semelhança do que acontece no continente.

“Na qualidade de representante dos farmacêuticos e dirigente da associação que regula a sua atividade, não posso deixar de manifestar a disponibilidade dos farmacêuticos da Região Autónoma dos Açores para serem envolvidos na estratégia de vacinação contra a gripe e a Covid-19, garantindo a segurança, a proximidade, o conforto e a disponibilidade que estes profissionais oferecem no acesso ao serviço”, lê-se no ofício assinado pelo bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, Hélder Mota Filipe, a que a Lusa teve acesso.

Em Portugal continental, a campanha de vacinação sazonal contra a gripe e Covid-19 outono/inverno 2023/2024, que prevê a vacinação gratuita de grupos de risco, arranca em 29 de setembro, contando com a adesão de 2.300 farmácias comunitárias.

O executivo açoriano (PSD/CDS-PP/PPM) decidiu, no entanto, concentrar a vacinação contra a Covid-19 nos centros de saúde e hospitais da região, estando apenas disponíveis nas farmácias comunitárias vacinas contra a gripe.

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Na missiva enviada à secretária regional da Saúde e Desporto, Mónica Seidi, e ao presidente do governo Regional, José Manuel Bolieiro, o bastonário acusa o executivo açoriano de “desvalorizar a participação e o contributo dos farmacêuticos comunitários para o aumento da cobertura vacinal, ao contrário do que já está definido no continente, bem como em boa parte dos países europeus”.

“Não se compreendem as posições públicas quanto ao não envolvimento dos farmacêuticos nas estratégias de vacinação. A Ordem dos Farmacêuticos não alimentará a discussão sobre um tema que considera corporativo e anacrónico, mas continuará sempre disponível para colaborar com as demais profissões em todas as matérias que contribuam para melhorar o acesso e a qualidade dos cuidados de saúde prestados aos cidadãos”, apontou.

Segundo a delegada regional da Ordem dos Farmacêuticos nos Açores, Juliana Matos, o arquipélago tem “cerca de 20 farmácias que têm farmacêuticos com o curso de administração de vacinas” e a Ordem tem “cursos disponíveis” para aumentar esse número. “As vacinas contra a gripe já são administradas normalmente nas farmácias comunitárias. Desde que a legislação o permite, há cerca de 16 anos, que as farmácias têm sido parceiras no esforço nacional de vacinação”, lembrou, em declarações à Lusa.

A delegada regional da Ordem garantiu que as farmácias comunitárias dos Açores “estariam preparadas” para administrar vacinas contra a Covid-19, alegando que haveria ganhos para a região com a sua integração na estratégia de vacinação do Serviço Regional de Saúde. “A evidência nacional e internacional tem demonstrado que a vacinação nas farmácias merece um elevado nível de satisfação junto da população, tem ganhos em saúde e contribui para a imunização da população, aumentando a cobertura vacinal dos doentes“, frisou.

A participação das farmácias comunitárias na campanha de vacinação contra a Covid-19 podia também “preencher lacunas geográficas e socioeconómicas na cobertura do território nacional”, na opinião de Juliana Matos. “Um estudo nacional mais recente relativo à disponibilização de testes de diagnóstico da Covid nas farmácias comunitárias evidenciou este impacto da participação das farmácias na redução das desigualdades de acesso”, sublinhou.

Segundo a delegada regional, a Ordem dos Farmacêuticos ainda não obteve resposta ao ofício.

A Lusa questionou a Direção Regional da Saúde dos Açores, por escrito, que disse responder até sexta-feira.