Ricardo Mourinho Félix, vice-presidente do Banco Europeu de Investimento (BEI), frisa que é necessário criar as condições no mercado para que as startups e scaleups europeias possam alcançar a mesma dimensão e acesso a capital que existe noutros pontos do globo, como os Estados Unidos ou a Ásia.

Numa sessão sobre como desenvolver uma startup na Europa, o vice-presidente do BEI tentou explicar o papel que a instituição está a assumir no mundo de financiamento de empresas europeias. “Temos de melhorar o ambiente”, explicou, quando questionado sobre as ações para reduzir o fosso de investimento entre as startups da Europa em relação ao mercado norte-americano ou asiático.

“Não podemos querer ser os EUA se não pusermos em prática as condições para ter as mesmas vantagens e os mesmos incentivos que os EUA”, explicou. Para isso, é necessário “melhorar o ambiente”, transmitiu. “Temos de criar um melhor ambiente para os IPO [oferta pública inicial], temos de criar mais equity no mercado e não pode ser apenas o setor público, temos de ter uma regulação que traga seguros de vida e fundos de investimento para investirem pequenas partes do seu portefólio no mercado de venture capital.”

Aos olhos de Mourinho Félix, só com estas condições é que será possível “ter a mesma liquidez que existe noutros mercados”.

E, para ter condições semelhantes às dos EUA no financiamento de startups, é preciso que haja regulação, continuou. “Não precisamos de ter muita regulação, mas sim boa. Tem de ser fácil criar, financiar — mesmo quando as coisas correm mal”.

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Mourinho Félix defendeu que é necessário que as empresas e o mercado de capital de risco consigam crescer em dimensão. “Sem escalar, numa vamos chegar ao que se vê nos EUA, isso é um ponto-chave para a Europa.”

“É preciso criar uma nova onda de capital de risco mais avançado na Europa, que nos permita ter um campo de jogo equilibrado”, explicou. Para isso acontecer, é necessário haver uma “alocação de recursos”, desafiando mais empresas do setor privado a investirem em fundos. “Para que estas empresas possam decidir se querem continuar na Europa ou não.”

Mourinho Félix disse que a Europa “está a ficar atrás” em relação a outros mercados no que diz respeito ao financiamento e crescimento de startups porque “não temos os mesmos incentivos e o mesmo tipo de players no mercado”, voltando a sublinhar a necessidade de haver mais envolvimento da parte de entidades ligadas à área de seguros de vida ou fundos de pensões, perfis que seriam “semelhantes” ao perfil do BEI.

Na sessão, Mourinho Félix esteve acompanhado por Silvio Kutic, co-fundador e CEO da Infobip, o primeiro unicórnio da Croácia, e Ekaterina Malievskaia, co-fundadora da Compass Pathways.