A Câmara Municipal de Lisboa utilizou uma fotografia no cartaz das cerimónias de 25 de Novembro de 1975 que não foi captada naquele dia, mas num comício do PS de Mário Soares em julho desse ano. Esta sexta-feira, os vereadores do PS na autarquia pediram a Carlos Moedas, presidente da CML, que “remova a imagem e os cartazes em causa” para proteger a “reputação do município”, assinalando o erro. Ao Observador, o vereador da Cultura da coligação PSD/CDS diz que não se tratou de uma falha e que a imagem ilustra um processo de vários meses que culminou na data histórica.

“Em nome da verdade e do rigor que se impõe, e de modo a evitar que se consolide uma ideia errada do 25 de Novembro [de 1975] junto de milhares de lisboetas, o PS solicitou hoje a Moedas que remova a imagem e os cartazes em causa”, informaram os socialistas numa nota distribuída à comunicação social.

De acordo com a vereação do PS, a imagem presente nos cartazes de celebração do 25 de Novembro de 1975, que foram espalhados pela cidade, não é ilustrativa da data, confirmando ser de um comício do partido, então liderado por Mário Soares, em julho de 1975. Através dos arquivos da RTP é possível consultar gravações do dia 19 de julho que mostram o comício socialista e comprovam que a imagem nos cartazes é desta data e não da data que vai ser assinalada este sábado por Carlos Moedas, depois de insistir em celebrar a ocasião contra a vontade da oposição — maioritária no executivo.

O vereador da Cultura na CML, Diogo Moura, confirma ao Observador que a foto é do dia 19 de julho de 1975. Esclarece que foi captada “no famoso comício da Alameda, convocado pelo PS ao qual aderiram todos os democratas, do PPD, CDS aos sem partido”.

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“A relevância do 25 de Novembro de 1975 não decorre de um evento particular, a evocação do 25 de Novembro não assinala um dia único, mas um processo que pôs fim a uma sucessão de acontecimentos que degradaram e ameaçaram a concretização plena do sonho de abril: a estabilização de uma democracia liberal em Portugal. De junho a novembro a situação só se agravou”, defende o vereador do CDS que integra a coligação Novos Tempos.

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O autarca assegura que, “nessa altura, como agora, houve e há quem esteja contra esse projeto democrático” e que o comício referido marcou essa separação, “juntando os democratas, que saíram vencedores no 25 de Novembro” e que “essa é a razão da escolha da fotografia”.