Há sensivelmente um ano, Gerard Piqué criava um formato que prometia fazer frente à forma tradicional de assistir futebol. A Kings League desconstruiu as regras do jogo, juntando-lhes uma dose de dramatismo típico de um reality show. O antigo futebolista espanhol fez um rescaldo ano primeiro ao da competição que já levou à criação de uma versão feminina, a Queens League, e de uma prova paralela que junta a Kings League a Queens League, denominada Kingdom League.

Futebol com cartas e contornos de reality show: a Kings League de Piqué é um sucesso e ameaça audiências da La Liga

“É um projeto que tem 11 meses. Estamos muito verdes em muitas coisas. Acreditamos que é um conceito que veio para ficar. Isto faz com que surjam projetos com o mesmo modelo de negócio, queremos agora expandir-nos globalmente, ser a FIFA deste formato”, analisou Piqué no âmbito do Business Sport Forum.

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No próximo ano, a Kings League vai-se expandir para a América do Sul, sendo que é expectável que se alargue progressivamente a outras zonas da Europa que não Espanha, Estados Unidos e Ásia. Ao longo de 2023, a competição chegou a encher estádios como o Camp Nou, o Metropolitano ou o La Rosaleda. Um dos objetivos da prova transmitida via streaming é assumidamente gerar interações nas redes sociais e envolver o público numa lógica de entretenimento.

“O futebol concorre com a Netflix e também com as redes sociais. As pessoas passam horas e horas a consumir esse tipo de plataformas. É evidente que o futebol está em competição com tudo isso”, assumiu Piqué. “No fim de contas, o desporto caminha para que as competições sejam mais curtas. O exemplo claro é a NFL [campeonato de futebol americano], são quatro meses de competição e o país para. Tens recordes de audiência. Acho que o futebol deveria ir nessa direção. Se todas as organizações se juntassem e dissessem ‘não podem haver 80 jogos num ano’. Há demasiados jogos e as pessoas nem sabem o que se está a jogar. Depois, desportivamente, o nível baixa”.

Piqué mostrou-se ainda defensor da redução do número de equipas por liga, tendo em vista potenciar os clubes enquanto marcas. Ainda assim, demarca-se do modelo da Superliga que as potências do futebol mundial têm proposto. “A Superliga é uma liga fechada e é aí que sou contra”, referiu o antigo defesa. “Os grandes ganhariam muito valor, mas uma parte importante do futebol, que são equipas de segundo nível que têm uma massa brutal de adeptos, ia deixar de existir a longo prazo. Se reduzires o calendário continuas a competir e o teu futuro depende dos resultados. O mérito desportivo tem que prevalecer e por isso sou contra a Superliga, mas acho que temos que mudar o calendário”.