O ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Eli Cohen, declarou esta sexta-feira que Israel continuará a agir dentro da lei internacional, advertindo, porém, que as autoridades israelitas vão inspecionar toda a ajuda humanitária enviada para Gaza por “razões de segurança”.
A mensagem do governante na rede social X foi deixada após a aprovação pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas de uma resolução que exige o envio para a Faixa de Gaza de ajuda humanitária “em grande escala” e “sem entraves”.
“Israel continuará a agir de acordo com a lei internacional, mas vai examinar, por razões de segurança, toda a ajuda humanitária” enviada para Gaza, afirmou Cohen.
Israel will continue the war in Gaza until the release of all the hostages and the elimination of Hamas in the Gaza Strip.
Israel will continue to act according to international law, and will continue to screen all humanitarian aid to Gaza for security reasons.
The Security…— אלי כהן | Eli Cohen (@elicoh1) December 22, 2023
Após uma semana de intensas negociações e de adiamentos sucessivos foi aprovada a resolução apresentada pelos Emirados Árabes Unidos (EAU) que tem caráter jurídico vinculativo.
O texto teve de ser reescrito várias vezes ao longo da semana devido a objeções dos Estados Unidos, que têm poder de veto no organismo e que o exerceram em anteriores votações.
Washington absteve-se esta sexta-feira, assim como a Rússia (também com poder de veto), permitindo a passagem com 13 votos favoráveis da resolução, que ao contrário das primeiras versões não apela a um cessar-fogo imediato.
Na sua declaração de voto, a embaixadora dos Estados Unidos junto da ONU, Linda Thomas-Greenfield, enalteceu o foco da resolução no caráter humanitário, mas não deixou de criticar a ausência de condenação ao grupo islamita palestiniano Hamas pelo ataque de 7 de outubro, que visou o sul de Israel.
A diplomata notou como a resolução se aplica a todas as partes envolvidas, ou seja a Israel, mas também ao Hamas, que segundo frisou é “um grupo terrorista que instigou este conflito e que trava a guerra a partir de casas, hospitais e instalações da ONU e utiliza civis inocentes como escudos humanos, um ato de covardia e crueldade”.
Apesar de reconhecer o encorajamento pelo facto de o Conselho de Segurança da ONU se ter “pronunciado sobre esta crise humanitária”, a diplomata norte-americana expressou esta sexta-feira um “profundo desapontamento”.
“Na verdade, (estamos) consternados — por, mais uma vez, o Conselho não ter sido capaz de condenar o horrível ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro”, disse.
E questionou: “Porque é tão difícil condenar o Hamas por massacrar jovens num concerto, por queimar famílias vivas, pelos relatos de violência sexual generalizada?”.
Para os Estados Unidos, frisou a representante, “Israel deixou claro que está empenhado em chegar a outro acordo”.
Como tal, prosseguiu, agora tudo depende do Hamas, que deve concordar com novas tréguas, por ser “assim que poderemos obter ajuda adicional e salvar vidas e retirar mais reféns imediatamente”.
Desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, o Conselho de Segurança só conseguiu quebrar o silêncio uma vez, com a resolução de 15 de novembro na qual pedia “pausas humanitárias”. Em dois meses, rejeitou cinco outros textos, dois dos quais foram vetados pelos Estados Unidos, incluindo o último, a 8 de dezembro.
Nessa altura, apesar da pressão do secretário-geral da ONU, António Guterres, os Estados Unidos bloquearam o apelo para um “cessar-fogo humanitário”, também considerado inaceitável por Israel.
Face ao bloqueio do Conselho, a Assembleia-Geral da ONU aprovou a 12 de dezembro uma resolução exigindo um cessar-fogo imediato em Gaza, mas que não tem caráter jurídico vinculativo.
O Governo do Hamas, no poder na Faixa de Gaza desde 2007, anunciou na quarta-feira que as operações militares israelitas fizeram 20 mil mortos no enclave desde o início da guerra, a 7 de outubro, contabilizando também 52.600 feridos.
Israel declarou guerra ao Hamas em retaliação ao ataque perpetrado pelo grupo em território israelita, que fez 1.139 mortos, na maioria civis, de acordo com o mais recente balanço das autoridades israelitas.
Cerca de 250 pessoas foram também sequestradas nesse dia e levadas para Gaza, 128 das quais se encontram ainda em cativeiro pelo movimento, considerado uma organização terrorista pela União Europeia, pelos Estados Unidos e por Israel.