O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, disse numa entrevista publicada esta terça-feira na versão europeia do jornal Politico que um “governo que dependa da extrema-direita” é uma “ameaça para a democracia” em Portugal. O líder socialista indicou que a única maneira de o “centro-direita poder governar” é coligando-se com o Chega.

Numa entrevista realizada em Bruxelas quando passou por lá há uns dias — mas só agora publicada — Pedro Nuno Santos descreveu os “partidos de extrema-direita” como sendo “anti-União Europeia”. “Precisamos de partidos que acreditem no projeto europeu e que estejam dispostos a trabalhar em conjunto”, afirmou o socialista, atacando o Chega: “Partidos como o Chega não estão interessados nisso. A nível nacional, é um partido que não acredita na diversidade, no respeito pelos outros — uma visão diametralmente oposta à nossa”.

O Politico escreve que, nas últimas eleições legislativas, António Costa usou o fantasma do Chega para ganhar votos, salientando que Pedro Nuno Santos espera agora que a mesma estratégia vingue. O jornal nota, contudo, que as sondagens têm demonstrado uma subida do partido liderado por André Ventura — e que parece existir uma certa fadiga dos eleitores relativamente ao PS.

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Pedro Nuno Santos entre o “orgulho” em Costa e o “novo impulso”

Sobre a operação Influencer, que levou à queda do governo de António Costa, o secretário-geral do PS preferiu não tecer comentários, uma vez que é o caso “ainda está numa fase inicial”: “Temos de respeitar o poder judicial. Sermos paciente e esperar antes de nos pronunciarmos sobre esta matéria”.

Pedro Nuno Santos garantiu ao Politico que o PS leva a sério a missão de compor governos compostos por “políticos com ética” e que “respeitam a lei”. Sobre António Costa, o atual líder socialista assinalou “sentir orgulho dos oito anos” de governação do primeiro-ministro demissionário. Mas realçou que representa um “novo impulso, uma vontade de enfrentar desafios e propor novas soluções para os problemas que ainda não foram resolvidos”.

Relativamente à crise da habitação, Pedro Nuno Santos recordou os tempos enquanto ministro das Infraestrutura e Habitação, assegurando que durante o seu mandato tentou que a oferta de casas aumentasse. Porém, o socialista reconheceu que se se tivesse resolvido o “problema há duas, três décadas” a situação estaria atualmente “melhor”. “Deixámos o setor da habitação [fosse regulado pelo] mercado e agora estamos a pagar as consequências.”