O investimento anual da Rede Elétrica Nacional (REN) na limpeza das faixas de servidão das suas infraestruturas tem permitido manter nos últimos anos o abastecimento de energia ao território nacional sem interrupções.
“As nossas infraestruturas estão efetivamente resilientes aos incêndios florestais e a prova disso é o que se passou nos últimos anos, em que continuaram com a sua missão de fornecimento ininterrupto de energia a todos os portugueses”, disse à agência Lusa Pedro Marques, da empresa de distribuição de energia.
O responsável pela área de Redes Sustentáveis e Servidões, que falava no final da manhã, na sessão “Fogos florestais e segurança de infraestruturas elétricas”, que decorre durante o dia desta quinta-feira em Tábua, no distrito de Coimbra, referiu que a REN possui a nível nacional 35 mil hectares de faixas de servidão em quase de 10 mil quilómetros de linhas de alta tensão.
Segundo Pedro Marques, mais de 23 mil hectares dessas faixas de servidão (66%) estão inseridos em espaços florestais, sendo que, anualmente, em média, são limpos mais de nove mil hectares de vegetação, embora em 2023 tenham sido intervencionados 11.863 hectares.
“Os 23 mil hectares é como se fosse uma autoestrada entre Lisboa e a Arábia Saudita – são muitos quilómetros que temos de gerir — mas é um esforço que a REN faz e que permite não só a resiliência das infraestruturas, mas a resiliência do território que está na envolvência”, sublinhou.
Nos últimos nove anos, a REN efetuou a gestão da vegetação em quase 75 mil hectares.
Durante toda a época de incêndios, a distribuidora de energia tem diariamente em operação seis equipas de prevenção e vigilância, equipadas para a primeira intervenção de combate a focos de incêndio.
“Tem sido possível manter o fornecimento ininterrupto de energia aos portugueses muito fruto deste trabalho de prevenção, de gestão da vegetação e remoção da carga combustível”, salientou o responsável pela área de Redes Sustentáveis e Servidões.
Sem querer divulgar o valor anual despendido pela REN nesta área, Pedro Marques frisou que se trata de um “investimento muito significativo”, que cresce todos os anos.
Os painéis da manhã da sessão “Fogos florestais e segurança de infraestruturas elétricas” foram encerrados pelo presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), que realçou a “responsabilidade e o compromisso” da empresa na interação com os bombeiros.
“A REN deu hoje [quinta-feira] uma noção de sustentabilidade social, de vontade e preocupação, não só pela sua função principal, mas também cumprindo todas as regras ambientais e de segurança” e “era importante todas as empresas terem essa consciência”, referiu.
A iniciativa contou, na sessão da manhã, também com um painel sobre “Segurança das subestações e o combate aos incêndios nas subestações e na vizinhança de linhas aéreas” e a intervenção do Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais da Universidade de Coimbra sobre o comportamento dos fogos florestais.
Durante a tarde, vai ser realizado um simulacro de incêndio na subestação de Tábua com a participação dos bombeiros locais.