Olá

857kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

"Risco orçamental", "retrocessos" e "ocupação do Estado". Alexandra Leitão e Santos Silva entram na campanha para disparar contra Governo

Figuras do PS entraram na campanha e falaram no plano nacional. Vitorino foi passear com Temido à Feira do Livro e acabou a criticar a AIMA. E houve críticas a AD "pré-histórica".

i

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

O ataque ao Governo reentrou em força na campanha do PS para as eleições europeias. No arranque da derradeira semana antes de os partidos irem a votos, Marta Temido contou com Alexandra Leitão e Augusto Santos Silva, dois reforços de peso, para atacarem o Executivo em várias frentes e deixarem as mais variadas acusações, de irresponsabilidade orçamental à “ocupação partidária do Estado”, contra a AD. No ar ficou a nacionalização destas europeias, por ocorrerem “num momento muito importante da vida nacional” (Leitão dixit).

Num comício noturno em Santarém, o ex-Presidente da Assembleia da República começou por explicar que daria cinco razões para que o voto no PS nestas europeias seja a opção “mais natural do mundo”. As primeiras passavam pelo caráter europeísta do partido e pelos contributos que os seus líderes deram para a construção do projeto europeu e das “receitas” que aplica em tempos de crise, puxando pelos méritos de Mário Soares e António Costa. Pareceu, de resto, deixar uma sugestão sobre o futuro político deste último, ao deixar votos de que os portugueses ganhem protagonismo na sua família política europeia nestas eleições — “porque continuamos a precisar dos melhores socialistas portugueses para responsabilidades de liderança”.

Depois, passou a atacar a extrema-direita — uma “sombra” que “ameaça” os valores mais importantes da UE — e com isso fazer a ponte para a direita tradicional que faz pontes com ela: “Só há uma garantia contra o avanço da extrema-direita na Europa, e chama-se voto nos socialistas”. E, após fazer elogios à lista “experiente” do PS e de lançar farpas contra a AD aproveitando citações antigas de Sebastião Bugalho — “não apresentamos pessoas que há poucos anos diziam que o pior inimigo da Europa é a UE” –, passou ao ataque contra o Governo.

[Já saiu o quarto episódio de “Matar o Papa”, o novo podcast Plus do Observador que recua a 1982 para contar a história da tentativa de assassinato de João Paulo II em Fátima por um padre conservador espanhol. Ouça aqui o primeiro episódio, aqui o segundo episódio e aqui o terceiro episódio]

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Neste ponto, os ataques foram em toda a linha: desde logo, referiu-se à queda da administração da Aicep e às demissões e nomeações dos últimos meses em entidades públicas para defender que está a haver uma “ocupação partidária do Estado”, e sem “medo das palavras”, uma prova de “partidarite pura” e “desprezo pelo mínimo respeito devido à administração pública”. O Governo tem-se defendido com o número superior de nomeações feitas pelo primeiro Executivo liderado por Costa e garantido que até tem sido “comedido”.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Depois, Santos Silva subiu o tom e puxou pela bandeira das contas certas para tentar colar à AD o rótulo de despesista. Ou seja, recapitulando as medidas tomadas pelo Executivo nestes dois meses, argumentou que todas representam redução de receita ou aumento de despesa pública e deixou um aviso no ar: “Se aumentamos a despesa e reduzimos despesa, o risco de desequilíbrio orçamental começa a ser evidente. Pode-se confiar na Europa em quem em Portugal está a demonstrar tanta incapacidade de compreender quão decisivo para Portugal foi ter posto as contas públicas em ordem?”. Moral da história: o PS é que “pôs as contas em ordem” e é, por isso, mais confiável.

A estes argumentos juntou o plano do Governo para a Saúde — “estão a diminuir a força e robustez do SNS para criarem novas oportunidades de negócio para os privados” — e os moldes do IRS Jovem, que tornam o imposto regressivo, garantiu. Concluindo: uma série de razões nacionais para não votar na direita na Europa.

A líder parlamentar do PS (que foi cabeça de lista do PS por Santarém) seguiria um guião com alguns pontos em comum, nomeadamente nas críticas às medidas do Executivo. Desde logo, apontou para o que as “eleições representam para o PS e para Portugal internamente” e na luta pelos valores da solidariedade e igualdade.

Depois, criticou especificamente as medidas que o Governo tem “profusamente apresentado”: “Umas são aproveitamento do que estava a ser feito, outras estão no caminho errado”. E também lembrou medidas como a redução do IRS ou o IRS Jovem, prometendo que este último dossiê é algo que o PS “terá de corrigir” no Parlamento. O ataque final foi contra os adversários que mostram “tibieza ao falar de direitos humanos”, chegando a disparar: “Votar em toda a direita por igual é abrir caminho ao retrocesso dos direitos das mulheres”.

No fim, mais um lembrete: estas eleições “ocorrem num momento da vida nacional muito importante”. A nacionalização das europeias voltava a ficar no ar.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Para Marta Temido ficou o ataque à AD, mas no plano europeu. Num discurso dedicado às políticas ambientais, a cabeça de lista socialista lembrou que as posições da AD foram classificadas como “pré-históricas” por um grupo de organizações ambientais europeias, e ameaçou: com estes partidos, os retrocessos que são hoje sugeridos “subliminarmente” podem materializar-se. No resto do discurso, focou-se em explorar as posições do PS, incluindo as ideias de que a Política Agrícola Comum deve ser “mais amiga dos jovens agricultores”, os recursos hídricos devem ser protegidos com uma política hídrica comum, e a aposta nas energias renováveis é para continuar.

Durante a tarde, Temido tinha-se desdobrado em “contactos com a população” (conversas, distribuição de folhetos pela rua fora e, neste caso, um momento em que se aventurou a tocar nos bombos da banda que acompanhava o PS) na Lourinhã e em Torres Vedras. No primeiro caso, e dado que o concelho é reconhecido como um local de interesse pelas várias descobertas de fósseis de dinossauros na zona — e por isso há várias praças adornadas com figuras de dinossauros — a piada sobre as tais posições “pré-históricas” da AD foi fácil de fazer: “Não podia vir mais a propósito!”, atirou, apoiada numa figura de um sinoceratops.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Vitorino criticou AIMA, Temido comprou livros

Mas Leitão e Santos Silva não foram os únicos nomes fortes do PS que se juntaram à campanha de Temido esta segunda-feira. António Vitorino, senador do PS e ex-diretor da Organização Internacional para as Migrações, foi passear até ao Parque Eduardo VII para acompanhar Marta Temido numa visita à Feira do Livro. Mas, pelo meio de muitos elogios e muitas demonstrações de apoio à candidata, deixou uma frase forte que acabaria por dominar as declarações da tarde, quando, questionado pelos jornalistas sobre as complicações da regularização de migrantes através da AIMA, foi direto e crítico: “Esta transição correu mal” e é agora preciso corrigir o processo “rapidamente”. “Correu mal, ponto. Não vale a pena mitigar as palavras”, disse.

Se Temido tem garantido que o problema da AIMA se resume a “dores de crescimento”, Vitorino foi assim mais longe, recusando depois entrar em mais considerações. “Desculpe, quando combinámos esta visita não era para lhe fazerem um interrogatório”, justificou-se Temido. Já o senador socialista disse apenas, antes de se dedicar aos livros (levou para casa um livro sobre o Liceu Camões, que frequentou), que o tema das migrações está “no coração da política europeia” e que está certo de que Temido lhe emprestará uma visão “humanista e realista”.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

A candidata do PS desceu depois rua fora, espreitando as bancas, acompanhada por Vitorino e pela eurodeputada Margarida Marques. “Ainda tenho muito para crescer, para estar à altura dos meus camaradas”, gracejou, recebendo garantias de estar “muito bem preparada” (Vitorino dixit) e que “tem experiência” (Marques). E Vitorino acrescentou ainda outro fator que vê como positivo para o lado de Temido: “O que reconciliou as pessoas com a UE foi a pandemia”.

Cumprindo um clássico das ações de campanha naquele cenário, Temido foi a certa altura desafiada a recomendar livros aos seus adversários. E se para Cotrim Figueiredo quis recomendar algum título sobre “o modelo social europeu”, embora sem falar num livro específico, no caso de Sebastião Bugalho tinha a resposta (e a provocação) na ponta da língua: “Uma vida”, da antiga Presidente do Parlamento Europeu Simone Veil, porque ler uma sobrevivente do Holocausto é “sempre bom para não nos esquecermos de um período negro, resultado de más escolhas dos europeus”, e porque “sendo de uma linha conservadora não deixou de ser defensora dos direitos das mulheres”. As entrelinhas eram muitas, os recados também.

Pelo meio, Temido foi parando para fazer conversa com quem passava e para fazer considerações sobre os livros que ia vendo nas prateleiras — reconheceu aliás vários dos que leu sobre e durante a pandemia, incluindo uma obra que a “ajudou” na altura, sobre a vida de Ricardo Jorge — “apedrejado” quando avisou, na cidade do Porto, para as restrições que seria preciso impor durante a peste bubónica, no final do século XIX.

A ex-ministra acabou por comprar dois livros — a biografia de Alexei Navaly e um exemplar de “Temos de falar sobre Putin” — admitindo que há adversários nesta campanha a quem essas leituras poderiam fazer falta. Ainda assim, “temendo que não os aproveitassem” e que a oferta fosse em vão, a ex-ministra acabou por decidir pagar e levá-los para casa.

 
Assine o Observador a partir de 0,18€/ dia

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver planos

Oferta limitada

Apoio a cliente

Este artigo é exclusivo a assinantes
Tenha acesso ilimitado ao Observador a partir de 0,18€ /dia

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Ver planos

Apoio a cliente

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Apoie o jornalismo. Leia sem limites. Apoie o jornalismo. Leia sem limites.
Desde 0,18€/dia
Apoie o jornalismo. Leia sem limites.
Apoie o jornalismo. Leia sem limites. Desde 0,18€/dia
Em tempos de incerteza e mudanças rápidas, é essencial estar bem informado. Não deixe que as notícias passem ao seu lado – assine agora e tenha acesso ilimitado às histórias que moldam o nosso País.
Ver ofertas