Pedro Sánchez, o primeiro-ministro espanhol, voltou às cartas para reagir às notícias de que a mulher, Begoña Gómez, vai ser chamada a depor a 5 de julho no âmbito do inquérito em que está envolvida por suspeitas de tráfico de influência e corrupção. Na carta, partilhada na rede social X, antigo Twitter, o chefe do executivo diz que o casal tomou conhecimento desta data através “dos meios de comunicação”.

Na “nova carta à cidadania”, Sánchez critica a altura em que esta questão é anunciada, “apenas a cinco dias antes da realização das eleições para o Parlamento Europeu, o que é estranho”. “Habitualmente, tem-se seguido a regra não escrita de não emitir resoluções que possam afetar o desenvolvimento normal de uma campanha eleitoral e, portanto, o voto dos cidadãos”, escreve o político espanhol. “Neste caso, parece evidente que esta prática não foi respeitada.”

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O casal diz estar “absolutamente tranquilo”, com Sánchez a frisar que “não há nada por trás desta acusação, apenas um esquema grosseiro impulsionado pelas associações de ultradireita (…)”.

Aos olhos de Sánchez, há uma leitura política a fazer. Na carta, volta a acusar Alberto Núñez Feijóo, do PP, e Santiago Abascal, do Vox, de “usarem todos os meios ao seu alcance com o intuito” de tentar quebrar Sánchez “no plano político e pessoal”. “Aquilo que não conseguiram nas urnas tentam alcançar de forma espúria”, atira o chefe do governo espanhol.

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Sánchez garante que a decisão de continuar no cargo “está mais firme do que nunca”. A tarefa que tem o governo de coligação progressista é mais necessária do que nunca”. Destaca a necessidade de “consolidar a pujança do crescimento económico e a criação de emprego” ou a “redistribuição dos frutos desse crescimento entre a classe média e os trabalhadores para lutar contra a maior das injustiças, que é a desigualdade”.

Sánchez diz que tanto ele como Begoña sabem “perfeitamente” porque são atacados, falando numa “cuidadosa coreografia desenhada pela coligação de ultradireita para tentar condicionar as eleições e debilitar o governo”.

E, como considera que tentaram “interferir com o resultado eleitoral” de 9 de junho, pede que “oxalá que os promotores – o senhor Feijóo e o senhor Abascal – encontrem a resposta que merecem nas urnas: uma condenação e rejeição dos seus maus atos”.

Pedro Sánchez não se demite: “Decido continuar” com “mais força”

Sánchez escreveu uma carta em abril, igualmente dirigida “à cidadania”, em que anunciava que ia fazer um período de reflexão de cinco dias após ter ameaçado demitir-se. A ameaça foi feita após o inquérito judicial a Begoña Gómez.