Simone Biles + Sunisa Lee + Jordan Chiles + Jade Carey = 171.296 pontos = medalha de ouro. Foi agora, a 30 de julho de 2024, em Paris. Mas a história desse momento começou quase 20 anos antes, em Los Angeles.

A 13 de fevereiro de 2005, Kanye West sobe ao palco da 47.ª cerimónia dos Grammys. O rapper estava ainda a sarar as feridas de um acidente sofrido três anos antes e, naquela noite, era consagrado como vencedor do melhor álbum de rap do ano. Kanye — ainda longe de se transformar em Ye, mas já a deixar sinais da instabilidade que haveria de marcar os anos seguintes da sua carreira e do seu trajeto pessoal — avisa a produção da cerimónia de que era melhor irem começando a “preparar a música” com que os artistas são ’empurrados’ para o fim dos discursos. Aquele ia demorar. Mas, afinal, não seriam precisos mais de dois minutos para dizer ao que vinha.

Kanye falou do acidente que sofreu, fez os agradecimentos da praxe. E, para o fim, deixou a passagem que haveria de marcar aquele momento.

Eu sei que toda… eu sei que toda a gente me faz a mesma pergunta. Eles querem saber ‘O quê, Kanye? Eu sei que ele se vai passar e vai fazer alguma coisa maluca.’ Toda a gente quer saber o que eu faria se não ganhasse. Suponho que nunca vamos saber”, atira, enquanto segura a estátua pelo seu álbum de estreia, The College Dropout.

Nada disto é novidade, dirá o leitor. É certo. E o que é que isto tem a ver com Biles, com a equipa de ginástica dos EUA e com a medalha de ouro conquistada em Paris?, poderá ainda questionar-se. Na verdade, tem tudo a ver.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Depois do terramoto emocional de Tóquio, a equipa de ginástica dos Estados Unidos voltou a ocupar o primeiro lugar do pódio, batendo Itália (que foi prata com 165.494 pontos) e o Brasil (bronze, com 164.497 pontos). E o vídeo de celebração das quatro ginastas, esse, já se tornou viral.

São apenas 10 segundos. No primeiro plano, Lee e Chiles surgem a mover os lábios para a câmara. Mas o som que ouvimos é o tal de 2005, com a voz de Kanye: “Toda a gente quer saber o que eu faria se não ganhasse.”

Corta para o segundo plano, já com Biles, Chiles, Lee e Skye Blakely (mas não Jade Carey). De medalha de ouro na mão, as quatro atletas também simulam umas palavras para a câmara, mas é novamente Kanye quem dá a voz ao “suponho que nunca vamos saber”.

@uninterrupted

I guess we’ll never know ???? #sunilee #simonebiles #jordanchiles #gynmastics #teamusa #paris2024 via @suni

♬ original sound – uninterrupted

Em menos de 24 horas, o vídeo de celebração das ginastas dos Estados Unidos foi republicado e partilhado centenas de milhares de vezes nas redes sociais.