Numa carta endereçada ao presidente republicano do Comité Judiciário da Câmara dos Representantes, o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, afirmou ter sido pressionado pela administração de Joe Biden a censurar conteúdo relativo à Covid-19 no Facebook, durante a pandemia.
Zuckerberg, fundador e CEO da Meta, empresa que detém o Facebook, Instagram, Whatsapp e outras plataformas de redes sociais, diz ter sofrido uma pressão constante, durante meses para apagar determinadas publicações sobre a Covid-19, algumas de cariz humorística e satírica.
De acordo com a carta escrita na passada segunda-feira, Zuckerberg indica que os membros da administração Biden-Harris expressaram “muita frustração” quando a empresa não concordou com os seus termos. “Acredito que a pressão do governo foi errada e lamento não termos sido mais vocais sobre assunto”, adiantou ainda o CEO na missiva que foi posteriormente publicada pelo comité na rede social X.
Mark Zuckerberg just admitted three things:
1. Biden-Harris Admin "pressured" Facebook to censor Americans.
2. Facebook censored Americans.
3. Facebook throttled the Hunter Biden laptop story.
Big win for free speech. pic.twitter.com/ALlbZd9l6K
— House Judiciary GOP ???????????????????????? (@JudiciaryGOP) August 26, 2024
A carta vem no seguimento do debate público relativamente à liberdade de expressão nas redes sociais, com o comité a inquirir a Meta sobre moderação de conteúdo nas plataformas online. Durante a pandemia, o Facebook começou a adicionar alertas de desinformação quando os utilizadores interagiam com publicações que continham informações alegadamente falsas sobre Covid-19. Para além disso, publicações a criticar as vacinas ou teorias sobre a sua génese em laboratórios chineses eram apagadas.
Zuckerberg adiciona que a decisão da moderação do conteúdo foi da própria empresa, mas revela que fez “escolhas que, em retrospetiva e com nova informação disponível, não faria atualmente”.
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Para além do conteúdo relativo à pandemia, de acordo com Zuckerberg, o FBI também entrou em contacto com a empresa na altura prévia às eleições americanas em 2020. A advertência do bureau surgiu para uma “operação de desinformação russa“, em que reportavam sobre um possível caso de corrupção envolvendo Hunter Biden, o filho do então candidato à presidência democrata. Zuckerberg decidiu aderir ao pedido do FBI, até se ter confirmado que não era a tal operação russa que havia sido advertida, após a reportagem feita pelo New York Post sobre o assunto.
No final da carta, o CEO da Meta menciona ainda as contribuições feitas pela sua fundação, Chen Zuckerberg Iniciative, durante as últimas eleições, para melhorar a infraestrutura eleitoral. De acordo com Zuckerberg, a sua intenção era “ter a certeza que existiam recursos para garantir a segurança das pessoas em todo o país que iam votar durante a pandemia”. A doação foi de 400 milhões de dólares (358,18 milhões de euros), mas foi acusado de se tentar esquivar dos limites de doações permitidas, para ajudar Joe Biden a ser eleito. Zuckerberg desmentiu os rumores e declarou a sua iniciativa como sendo “apartidária”. “O meu objetivo era ser neutro e não influenciar um dos lados, por isso, durante este ciclo, não irei fazer contribuições semelhantes”, concluiu Zuckerberg.
A Casa Branca pronunciou-se sobre as acusações de Zuckerberg, segundo um comunicado avançado pelo Politico, dizendo que, “quando confrontada com uma pandemia mortal, a administração encorajou ações responsáveis para proteger a saúde e segurança pública”. “A nossa posição tem sido clara e consistente: acreditamos que as empresas de tecnologia e outros setores privados têm de ter em conta os efeitos que as suas ações têm no povo americano, ao fazer escolhas independentes sobre a informação que apresentam”, finalizam.