Os polícias estão “revoltados” e “descontentes”. A garantia é do Sindicato Nacional da Polícia (Sinapol), um dos sindicatos que não assinaram o acordo com o Governo para o aumento do suplemento de risco, e que assegura que os polícias consideram “escandalosa” a quantia líquida que vão receber, após descontos.

Em declarações à rádio Observador, o presidente do Sinapol, Armando Ferreira, explicou que esta segunda-feira já começaram a ficar disponíveis os recibos de vencimento dos agentes da PSP, que ficaram “revoltados” ao verificar o valor que vão receber.

“De um recibo de vencimento total de cerca de 400 euros, em média, os polícias estão a receber entre 200 e 250 euros, mediante a sua antiguidade e posição hierárquica. Ou seja, sensivelmente cerca de 50% do que está a ser pago está a ser novamente devolvido ao Governo por via de impostos“, critica o dirigente sindical, mencionando também casos de polícias que deveriam receber um suplemento de 200 euros e o valor final acaba por rondar os 100 euros. Além destes descontos, assegura, os recibos indicam que há outros por processar, incluindo os 3,5% para os subsistemas de Saúde das forças de segurança.

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“O descontentamento e a revolta foram generalizados“, garante Armando Ferreira, criticando a “migalha” atribuída pelo Executivo e assegurando que, ao contrário do que os três sindicatos que assinaram acordo com o Executivo têm afirmado, os polícias estão descontentes por o Governo “dar com uma mão e tirar com a outra”.

Sinapol diz que aumentos aprovados pelo Governo para os polícias são migalhas

“O Sinapol não assinou nenhum acordo, e alertou em todas as reuniões de que os polícias estão interessados em valores líquidos, e não ilíquidos como aqueles que três sindicatos acordaram com o Governo”, alerta o dirigente sindical, voltando a disparar sobre os outros sindicatos por terem, na sua perspetiva, “feito um pacto de silêncio” e garantindo que não quererá contar com eles no caso de a plataforma que juntava PSP e GNR ser retomada.

Outro alvo de crítica são os deputados do PSD e CDS, os únicos com quem o Sinapol não quer reunir-se para conversar sobre o Orçamento do Estado para 2025 e pedir que haja uma correção sobre esta “falta de consideração” no documento. “Não vale a pena reunir com grupos parlamentares que apoiam o Governo que nos deu 200 euros”, atira, confirmando ainda que está a ser “avaliada” uma “grande ação de contestação” dos polícias para fim de setembro ou início de outubro.