Foi a primeira causa apontada para o incêndio rural que lavrou durante 13 dias na Madeira e terá sido, mesmo, o lançamento de um foguete (devidamente autorizado) na freguesia da Serra de Água, na Ribeira Brava, que provocou o fogo que se estendeu aos concelhos de Câmara de Lobos, Ponta de Sol e Santana. A informação foi avançada pelo Diário de Notícias da Madeira e confirmada pela Polícia Judiciária que, em comunicado, explicou que “tal incêndio terá tido origem no lançamento de foguetes” e que já foram indentificados os responsáveis pelo lançamento dos foguetes.

“A investigação realizada, designadamente através da recolha de depoimentos com relevo, análises de circunstâncias, informação meteorológica, informação oficial de várias entidades, bem como análise indiciária de vários elementos, permitiu identificar quer o local, quer os responsáveis pelo lançamento dos foguetes“, acrescentou a PJ.

Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional da Madeira, insistiu diversas vezes na hipótese de se tratar de mão criminosa. “Esta situação de fogo posto, infelizmente, não se consegue controlar, é impossível. O fogo surgiu na zona alta da Serra de Água, uma zona completamente inacessível. Compete às autoridades averiguar”, sublinhou, após ter interrompido as férias em Porto Santo para acompanhar a situação no terreno, já as chamas lavravam há quatro dias.

Ainda segundo o Diário de Notícias da Madeira,o material pirotécnico terá sido adquirido por um popular, que lançou o foguete numa festa nas proximidades. O cidadão foi constituído arguido por suspeita de incêndio florestal, ainda que tenha obtido autorização para lançar o foguete.

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Ricardo Nascimento, presidente da Câmara da Ribeira Brava, já tinha admitido que o fogo inicial, a 14 de agosto, teria sido provocado acidentalmente pelo lançamento de um foguete, ainda que admitisse que noutros focos houvesse mão criminosa.

A 14 de agosto, o arquipélago encontrava-se apenas sob aviso amarelo para tempo quente (o menos grave de três), não existindo, portanto, restrições ao lançamento de foguetes. Como destaca o jornal regional, mesmo quando os licenciamentos já tenham sido concedidos, há ainda a possibilidade de proibição do lançamento pirotécnico, mediante o agravamento de aviso meteorológico de amarelo para laranja. Já depois de começar o fogo, o aviso foi agravado para laranja.

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Como destaca o jornal regional, o arguido sob investigação estava devidamente autorizado a lançar foguetes, tendo em conta que a utilização destes artigos pirotécnicos obedece a algumas condicionantes, sobretudo em dias de maior calor. Mesmo com a devida autorização, pode vir a considerar-se negligente o lançamento do foguete se as condições de segurança não estiverem reunidas.

Além disso, este não terá sido o único foguete lançado que poderá ter provocado o incêndio florestal. Um segundo individuo, que neste momento se encontra na Suíça, está igualmente sob investigação.