A polícia da Austrália deteve esta quarta-feira 39 pessoas, incluindo o criador da aplicação de comunicação encriptada Ghost, que é utilizada por redes criminosas em vários países, numa operação internacional.
Além do país oceânico, ocorreram também buscas no âmbito desta operação no Canadá, Irlanda, Itália e Suécia, afirmou a Polícia Federal Australiana, em comunicado.
O alegado criador e administrador do Ghost, Jay Je Yoon Jung, de 32 anos, foi detido numa residência em Sydney (sudeste) e compareceu esta quarta-feira em tribunal onde foi acusado de cinco crimes, incluindo apoiar uma organização criminosa e beneficiar de rendimentos do crime.
Jung não apresentou qualquer recurso nem pediu para ser libertado sob fiança, pelo que irá permanecer em prisão preventiva até que o caso regresse ao tribunal, em novembro.
De acordo com a investigação policial, o arguido criou o Ghost em 2017 e desde então vendeu a aplicação “a criminosos de todo o mundo”, incluindo grupos de crime organizado em Itália, Coreia do Sul e Médio Oriente.
A aplicação, instalada em telemóveis e cuja subscrição custa 2.350 dólares australianos (1.430 euros), por cada seis meses, foi utilizada para crimes como tráfico de droga, branqueamento de capitais, homicídio por encomenda ou ameaças de violência, notou a polícia.
“Nos últimos dois dias, cerca de 700 membros da Polícia Federal executaram mandados de busca em quatro estados” para deter utilizadores do Ghost, disse o vice-comissário Ian McCartney.
A polícia estima que, só na Austrália, existam atualmente mais de 375 telemóveis a utilizar esta aplicação.
McCartney disse que técnicos do Comando Cibernético Nacional do Ministério dos Assuntos Internos de França “forneceram uma porta de entrada” para a polícia australiana infiltrar as comunicações do Ghost e intervir em 50 crimes de ameaça.
As autoridades, que nesta operação apreenderam ainda 205 quilos de droga, 25 armas de fogo e 1,2 milhões de dólares australianos (730 milhões de euros), esperam realizar mais detenções nos próximos dias.
A diretora da Europol, Catherine De Bolle, destacou no mesmo comunicado o sucesso da operação, na qual participaram forças de segurança de nove países.
“Hoje [quarta-feira] deixámos claro que, por mais ocultas que sejam as redes criminosas criadas, não podem escapar aos nossos esforços coletivos”, observou De Bolle.