O Canadá e a Índia enfrentam uma crise diplomática, que se aprofundou esta segunda-feira. O primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, acusou agentes do governo indiano de estarem envolvidos em “homicídios, extorsões e atos violentos” contra o movimento separatista sikh que tem como um dos objetivos o estabelecimento de um novo estado no norte da Índia — o Khalistan.

O primeiro-ministro canadiano revelou, esta segunda-feira, que havia provas de que a Índia teria desempenhado um papel na morte de Hardeep Singh Nijjar, um dos principais líderes do sikhismo, que morreu em junho de 2023. Baseando-se num relatório da polícia canadiana, Justin Trudeau disse, citado pela BBC, que “as provas não podiam ser ignoradas”. “Levam à conclusão de que é necessário travar as atividades criminais que continuam a representar uma ameaça à segurança pública no Canadá.”

Por isso, o Canadá expulsou seis diplomatas indianos, incluindo o alto representante. O Comissário da Polícia Canadiana responsável pelo caso, Mike Duheme, sublinhou que existem “mais de uma dúzia de ameaças credíveis e iminentes” direcionada “especificamente” a membros do movimento Khalistan. “Chegámos a um ponto que sentimos que era imperativo confrontar o governo da Índia”, determinou o responsável.

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Em resposta, a Índia retirou os seus diplomatas de solo canadiano depois de rejeitar a notificação das autoridades do país da América do Norte de que o embaixador indiano era uma “pessoa de interesse” num assassinato no Canadá. “Não acreditamos no compromisso do atual Governo canadiano em garantir a sua segurança”, assinalou o governo indiano.

Índia expulsa diplomata canadiano, depois de Trudeau ter acusado o país de estar envolvido na morte de líder sikh

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Índia salientou ainda que “a Índia reserva-se o direito de tomar novas medidas em resposta ao apoio do governo de Trudeau ao extremismo, à violência e ao separatismo contra a Índia”.

Nova Deli também convocou o principal diplomata canadiano em Nova Deli, Stewart Wheeler, transmitindo-lhe que “o ataque infundado” ao alto-comissário indiano e outros diplomatas e funcionários dentro do Canadá “era completamente inaceitável”.

Por seu turno, Stewart Wheeler destacou que o Canadá forneceu provas credíveis e irrefutáveis de ligações entre agentes do Governo indiano e o assassínio de um cidadão canadiano em solo canadiano”, destacou Stewart Wheeler. “Agora é o momento de a Índia cumprir as suas promessas e analisar todas estas alegações. É do interesse tanto dos nossos países como dos seus povos chegar ao fundo desta questão. O Canadá está pronto a cooperar com a Índia”, acrescentou.