Quando deixou de ser treinador do Manchester United, em 2013, Alex Ferguson assinou um contrato milionário que o manteve ligado ao clube e que serviu como uma espécie de agradecimento pelos 38 troféus em 26 anos de serviço. Seria embaixador global dos red devils, assim como diretor não-executivo para o futebol, com uma remuneração anual de quase três milhões de euros. Mais de uma década depois, o acordo terminou. 

De acordo com o The Athletic, a administração do Manchester United decidiu extinguir o cargo de embaixador global que Alex Ferguson tinha desde 2013, esvaziando também o pagamento anual dos tais quase três milhões de euros já a partir do fim da temporada. A decisão faz parte de um projeto abrangente de controlo de despesas que tem sido implementado por Jim Ratcliffe, o dono da INEOS que em dezembro do ano passado assumiu uma posição acionista minoritária, mas com o controlo total do departamento de futebol do clube.

A notícia do jornal norte-americano lembra que 250 funcionários do Manchester United foram dispensados nos últimos meses, numa decisão que pretende poupar cerca de 10 milhões de euros anualmente e que tem como objetivo futuro a remodelação profunda de Old Trafford. O fim do acordo com Alex Ferguson foi comunicado “de forma amigável”, com o antigo treinador escocês a manter-se como diretor não-executivo do clube e convidado de honra da tribuna durante os jogos em casa.

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Em sentido contrário, a família Glazer, acionista maioritária do Manchester United, sempre defendeu a manutenção do acordo com Alex Ferguson. Também de acordo com o The Athletic, os irmãos Joel e Avram Glazer acreditam que muito do valor que o clube gera e do qual ainda beneficia teve origem no trabalho e no legado do treinador escocês — motivo pelo qual, na sequência da reforma, lhe propuseram a tal posição de embaixador global e a remuneração milionária. Na mesma ótica, Ferguson nunca se juntou ao coro de antigos jogadores, treinadores ou funcionários do Manchester United que nos últimos anos têm publicamente criticado a gestão da família Glazer.

Ora, nessa ótica, o fim da ligação mais institucional entre Alex Ferguson e o Manchester United não agradou a toda a gente. Através das redes sociais, numa publicação onde acrescenta uma fotografia onde surge ao lado do treinador escocês, Eric Cantona criticou a decisão e deixou bem claro o que acha sobre o assunto.

“Sir Alex Ferguson deveria poder fazer tudo aquilo que quer no clube até ao dia em que morrer. Que falta de respeito. Totalmente escandaloso. Sir Alex Ferguson será o meu chefe para sempre! E atiro-os a todos para um grande saco de m****!”, escreveu o antigo avançado francês, que representou o clube entre 1992 e 1997.

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