Muitas pessoas manifestaram-se este sábado nas ruas de Valência, Espanha, pedindo a demissão do Presidente da Comunidade de Valência, Carlos Mazón, uma semana depois das cheias que assolaram o sul e leste do país.
“Demissão de Mazon”, “Não se mancharam de lama, mas sim de sangue”, pode ler-se em faixas erguidas por manifestantes que se faziam ouvir de forma pacífica, mas não em silêncio, reporta o El País, que fala em 130 mil pessoas nas ruas, citando fontes oficiais. A manifestação mobilizou mais de 40 organizações, entre associações, sindicatos e sociedade civil. O Partido Popular da Comunidade Valenciana acusou a marcha de ser “uma manifestação politizada”.
Uma semana depois das inundações, as autoridades espanholas confirmaram a morte de pelo menos 214 pessoas, a maioria das quais na região de Valência, na sequência das cheias que surgiram após a tempestade DANA, que se abateu sobre o território a 29 de outubro.
Não têm faltado críticas tanto ao Governo central, liderado pelos socialistas, como ao executivo autonómico conservador do Partido Popular (PP), mas foi contra o presidente do governo regional, Carlos Mazón, que as críticas se intensificaram nos últimos dias.
O alerta tardio da população para a tempestade é uma das principais queixas, mas não a única: muitos acusam a Generalitat de demorar na chegada de assistência às ruas após as cheias.
Três manifestantes detidos e 30 polícias feridos na manifestação
Três manifestantes foram detidos e 30 polícias ficaram feridos em tumultos no centro de Valência durante a marcha de protesto. Segundo fontes policiais, um grupo de manifestantes atacou os agentes que se dirigiam para a Generalitat e que tiveram de intervir.
No início da manifestação, houve incidentes em frente à Câmara Municipal de Valência, onde um grupo de jovens lançou foguetes e lama, numa ação que exigiu a intervenção da polícia de choque.
Mais tarde, no final da manifestação e nas imediações da Plaza de la Virgen, foram lançados lama, cadeiras e outros objetos contra os agentes, que intervieram novamente e detiveram pelo menos uma pessoa, segundo a agência de notícias espanhola EFE.
Entretanto, a Câmara Municipal divulgou um comunicado onde lamenta o “terrível vandalismo” que o seu edifício sofreu durante a manifestação. Segundo o comunicado, “foi anulada uma tentativa de atear fogo à porta principal, que teve de ser apagado com extintores pela polícia que se encontrava no interior do edifício”. “Além disso, diversas janelas foram partidas e foram pintados vários grafittis nas paredes”, acrescentou. A autarquia frisou na nota que estas atitudes “não se podem tolerar porque nestes momentos há que trabalhar em conjunto para recuperar os locais afetados pelas cheias”.
Notícia atualizada dia 9 de novembro, às 23h41, para inclui os tumultos entre polícia e manifestantes.