O caso de Gisèle Pelicot, a mulher que foi drogada e violada durante uma década por dezenas de homens angariados pelo seu próprio marido, vai ser retratado num documentário a transmitir pelo Channel 5 no próximo dia 11 de dezembro.
O canal britânico está a publicitar uma entrevista exclusiva diante das câmaras a um dos supostos agressores sexuais — que terá a sua voz e imagem anonimizadas. O documentário — intitulado “O caso de estupro de Pelicot: uma cidade em julgamento” — terá a duração de 90 minutos.
Segundo a Variety, a produção televisiva vai apresentar uma perspetiva psicológica, jurídica e cultural do caso que chocou França e o mundo, contando com contribuições da comunidade da cidade francesa de Mazan, onde o ex-casal Pelicot vivia. Aos olhos de quem os conhecia, Gisèle e Dominique partilhavam a dois uma reforma aparentemente idílica.
Tudo mudou quando o homem foi detido no dia 2 de novembro de 2020, depois de um segurança o ter apanhado a filmar por baixo das saias de mulheres num supermercado local. Na investigação do delito, a polícia encontrou um ficheiro com a designação “abusos” numa pen USB ligada ao seu computador, que continha 20.000 imagens e filmes da sua mulher a ser violada quase 100 vezes ao longo de dez anos. Desde a sua detenção, declarou-se sempre culpado de todos os crimes pelos quais está a ser acusado que envolvem a mulher.
Violada 100 vezes por 80 homens a mando do marido. O caso de Gisèle Pelicot que está a chocar França
Este será o primeiro documentário sobre o caso de violações em série a ir para o ar, mas há indícios de que muitos outros se encontrem em fase de produção. A emissora pública francesa, por exemplo, já confirmou que está a preparar uma produção sobre o caso criminal e o respetivo julgamento.
A principal vítima do caso, Gisèle Pelicot, decidiu não optar pelo anonimato para se tornar num símbolo de resistência da violência sexual contra as mulheres. Na sua declaração final em tribunal afirmou mesmo que quis deixar um legado aos netos e respetivos descendentes, que recordarão o caso pelo papel que assumiu e não apenas enquanto uma vítima.
O Ministério Público francês pediu esta segunda-feira a pena máxima de 20 anos de prisão para Dominique Pelicot por ter, ao longo de uma década, drogado, violado e mandado violar a sua mulher, Gisèle Pelicot, por dezenas de desconhecidos. A leitura do veredito do tribunal está marcada para o dia 20 de dezembro.
Ministério Público francês pede pena máxima para principal arguido do caso Pelicot
“Isto é ao mesmo tempo muito [tempo] e muito pouco. Muito pouco, tendo em conta a gravidade dos atos cometidos e repetidos”, insistiu uma das duas representantes da acusação, Laure Chabaud, na abertura das alegações finais perante o tribunal penal de Vaucluse, em Avignon, no sudeste de França.
Os procuradores franceses pediram penas de prisão que variam entre os 4 e os 20 anos para os 51 homens acusados de participar nas repetidas violações de Gisèle Pelicot ao longo de 10 anos.