Pelo menos 12 pessoas morreram e outras 34 foram baleadas na nova fase de manifestações e paralisações de contestação aos resultados eleitorais iniciada na quarta-feira, indicou esta quinta-feira a Organização Não-Governamental (ONG) Plataforma Eleitoral Decide.
Segundo o relatório divulgado por aquela plataforma de monitorização eleitoral moçambicana, com dados até às 07h:30 desta quinta-feira (menos duas horas em Lisboa) sete das vítimas mortais foram registadas na província de Nampula e uma em Maputo, havendo registo, ainda, de duas mortes em Cabo Delgado, uma em Inhambane e outra em Sofala.
Dos feridos por baleamento, 20 casos registaram-se em Nampula, sete na província de Cabo Delgado, três em Sofala, duas em Inhambane, uma na Zambézia e outra em Maputo.
Estes casos somam-se a outros 76 mortos e 240 baleamentos em 41 dias de manifestações de contestação dos resultados eleitorais, de 21 de outubro a 01 de dezembro, segundo o relatório anterior daquela plataforma de monitorização eleitoral, que estimou ainda “mais de 3.000 detenções”.
Pelo menos 76 mortos e 240 baleados em 41 dias de manifestações em Moçambique
O candidato presidencial Venâncio Mondlane apelou a uma nova fase de contestação eleitoral de uma semana, a partir de quarta-feira, em “todos os bairros” de Moçambique, com paralisação da circulação automóvel das 08h00 às 16h00.
“Todos os bairros em atividade forte”, disse Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados anunciados das eleições gerais de 9 de outubro, numa intervenção através da sua conta oficial na rede social Facebook, convocando este novo período de contestação de 4 a 11 de dezembro.
“Vão-se concentrar nos bairros e nas avenidas principais que atravessam os nossos bairros, — não temos necessidade de fazer grandes deslocações — levantando os nossos cartazes”, disse Venâncio Mondlane.
Tal como aconteceu de 27 a 29 de novembro, o candidato presidencial pede que as viaturas parem de circular das 08h00 às 15h30 locais (menos duas horas em Lisboa), seguindo-se então 30 minutos para se entoar os hinos de Moçambique e de África nas ruas, o que se verificou esta quinta-feira em várias artérias centrais, nomeadamente, de Maputo, pelo segundo dia consecutivo.
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“Vamo-nos manifestar de forma ininterrupta, sem descanso. Vão ser sete dias cheios (…). Todas as viaturas, tudo o que se move, fica parado”, insistiu, pedindo aos automobilistas para colarem cartazes de contestação nas viaturas que circulem até às 08h00 e depois das 16h00.
O anúncio pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique, em 24 de outubro, dos resultados das eleições de 9 de outubro, em que atribuiu a vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975) na eleição a Presidente da República, com 70,67% dos votos, espoletou protestos populares, convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane e que têm degenerado em confrontos violentos com a polícia.
Segundo a CNE, Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas este não reconhece os resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.
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