O líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, denunciou na Conferência de Líderes parlamentares que está a ser feita “coação e intimidação pelos deputados” do Chega quando estes “tiram fotografias e fazem filmes de intervenções” de outros parlamentares para “colocarem nas redes sociais”. Já a deputada única do PAN, Inês Sousa Real, fala em coação até no trabalho de gabinete, contando um episódio de “um jovem autista que foi enviado” para lhe colocar questões.

Os detalhes surgem na ata da Conferência de Líderes de 20 de novembro, que discutiu as queixas dos partidos às violações ao código de conduta e de urbanidade por parte dos deputados do Chega. Na sequência do debate, Hugo Soares reconheceu que se estão a assistir a “provocações e excessos que manifestamente não deviam ter lugar”.

Hugo Soares detalhou que existem casos em que “deputados tiram fotografias e fazem filmes de outros deputados no decurso da sessão plenária, com o objetivo de os colocar nas redes sociais” e que, dessa forma, “condicionam a liberdade dos visados”.

Para além desta queixa, o líder da bancada social democrata apontou também “comportamentos menos próprios de cidadãos que visitam a Assembleia da República a convite de outros grupos parlamentares” e que “têm de ser responsabilizados pelos atos dos convidados”.

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São sobretudo os convidados do Chega que motivaram as queixas e denuncias feitas. Inês Sousa Real dá conta de que já existiram “convidados do Chega que entraram pelo gabinete” da representante do PAN, “para lhe fazer perguntas” e até conta um caso em que “um adolescente autista foi enviado” para fazer perguntas à deputada.

Inês Sousa Real acrescentou que já fez queixa aos serviços de segurança do Parlamento, com José Pedro Aguiar-Branco a admitir que os procedimentos de segurança “carecem de reforço“, e que pediu essa avaliação aos serviços da Assembleia da República. O vice-presidente do Parlamento, Marcos Perestrello, colocou em cima da mesa a possibilidade de “existirem restrições de circulação aos visitantes no acesso aos gabinetes dos deputados”.

O líder da bancada do Chega, Pedro Pinto, disse “desconhecer as situações relatadas” e pediu desculpa a Inês Sousa Real, pedindo que lhe fossem comunicados casos idênticos.

Pelo Chega, Rui Paulo Sousa entende que casos como os das redes sociais “escapam ao controlo da Assembleia da República, devendo ser feita queixa, deixando a questão para a justiça decidir”. Ainda assim, Aguiar-Branco sugeriu que a Comissão de Transparência e Estatuto dos Deputados pode emitir recomendações sobre a matéria, pedindo detalhes destes casos.

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