O presidente do PS/Madeira, Paulo Cafôfo, endereçou convites ao JPP, IL, PAN e BE para criar uma nova solução governativa para a região, mas a maioria dos partidos já considerou a sugestão “extemporânea”. “Num cenário que se antevê de novas eleições, o PS [Madeira] já se mostrou disponível para construir uma solução governativa responsável e estável para a nossa região, onde todos podem fazer parte”, afirmou esta quarta-feira a secretária-geral e deputada socialista madeirense, Marta Freitas, em conferência de imprensa, na Assembleia Legislativa da Madeira, no Funchal.
A dirigente socialista acrescentou que, “nesse sentido, foi endereçado um convite aos partidos da oposição para uma reunião” para “fomentar o diálogo e procurar convergências entre todos num tempo visivelmente de pontes e concordâncias”. Salientando que acabaram os “tempos de maiorias absolutas” na região, a deputada regional Marta Freitas insistiu que o PS está a “mostrar disponibilidade para essas pontes que a Madeira precisa”.
Na terça-feira é discutida e votada uma moção de censura do Chega ao Governo Regional minoritário do PSD, liderado por Miguel Albuquerque, que deverá ser aprovada caso se mantenham as intenções de voto anunciadas. A aprovação da moção de censura implica a demissão do Governo Regional e a permanência em funções até à posse de uma nova equipa, perspetivando-se novas eleições legislativas regionais antecipadas.
Ainda segundo a responsável socialista, os convites para os encontros foram endereçados pelo líder do PS/Madeira, Paulo Cafôfo, “ao JPP, IL, PAN e BE para iniciar um conjunto de conversas, diálogo de pontes”, ainda esta semana. A deputada realçou que o chumbo das propostas de Orçamento Regional e Plano de Investimentos para 2025, na segunda-feira, indicam que “o PSD mergulhou a região numa instabilidade, numa crise politica da sua única e exclusiva responsabilidade”.
Marta Freitas destacou ainda que “metade dos membros do Governo Regional” foram constituídos arguidos “por suspeitas de corrupção”, considerando que isso “parece gravíssimo e inaceitável num estado de direito democrático”. “O PSD de Miguel Albuquerque já se mostrou descredibilizado, desacreditado e esgotado”, afirmou, acusando o presidente do Governo Regional e líder do PSD/Madeira de estar “agarrado ao poder e não […] a governar para as pessoas”.
Entretanto, o JPP já reagiu ao anúncio do convite, apesar de dizer que, até ao final da manhã desta quarta-feira, o partido não recebeu qualquer contacto. “Consideramos essa proposta totalmente extemporânea e achamos que cada força política deve fazer o seu trabalho de forma independente”, afirmou o secretário-geral e líder parlamentar do JPP, Élvio Sousa, numa declaração enviada à agência Lusa.
Élvio Sousa assegurou ainda que o JPP “não vai carregar nenhum partido às costas, sobretudo quando está a fazer um bom trabalho de oposição e também de programa alternativo responsável”.
O secretário-geral do JPP adiantou também que esta semana irá decorrer uma reunião do partido que juntará “figuras da sociedade que vão ter um contributo decisivo no programa do governo nas áreas fundamentais para o desenvolvimento económico e social da região”. “Com isto dizemos que não estamos interessados e que essa proposta é extemporânea“, reforçou. Também o BE/Madeira, que perdeu a representação parlamentar nas eleições antecipadas de maio, corroborou que o convite do PS é “extemporâneo, porque a Assembleia Legislativa Regional está em plenas funções e não há eleições marcadas”.
Em comunicado, os bloquistas madeirenses consideram ainda que a solução apresentada pelo PS é “pouco credível”, porque “a convergência deve fazer-se entre quem tem credibilidade de alternativa, o que não inclui partidos-satélite de Albuquerque, como a IL e o PAN”. “Em vez de contactos para um programa alternativo à governação do PSD/Madeira e seus satélites, o PS preferiu fazer uma manobra mediática de curto alcance, como se confirma pela recusa do JPP, já anunciada”, acrescenta o BE, manifestando-se, contudo, “disposto a diálogos construtivos para que a esquerda ganhe força no parlamento regional e se torne decisiva para afastar o PSD”.
A IL também já rejeitou publicamente integrar a coligação, tendo o líder regional do partido, Gonçalo Camelo, e o deputado único no parlamento madeirense, Nuno Morna, referido que seria um projeto “contra-natura”.
Já o PAN/Madeira defendeu a criação de uma alternativa política na Madeira, mas exclui a participação dos atuais líderes do PSD madeirense e do PS insular, considerando ser “prematuro” abordar agora o assunto. “O PAN/Madeira, no âmbito da proposta de Paulo Cafôfo em reunir os partidos para a criação de uma alternativa de governo, considera que é possível a construção de uma alternativa no tempo certo e sem as lideranças atuais”, lê-se no comunicado relacionado com a reunião da Comissão Política Regional do partido, que ocorreu na tarde de hoje.
Citada no documento, a porta-voz regional e deputada única do PAN na Assembleia Legislativa da Madeira, Mónica Freitas, diz que a região “vive infelizmente uma crise de lideranças que condiciona possíveis entendimentos entre partidos”. “O PAN, enquanto partido de construção, acredita que é possível construir uma alternativa diferente e credível, contudo a mesma não passa por líderes como Miguel Albuquerque ou Paulo Cafôfo”, reforça.
Albuquerque compara proposta de coligação do PS a uma noiva feia abandonada à porta da igreja
O presidente do Governo da Madeira, Miguel Albuquerque, comparou esta quarta-feira a proposta do PS para formar uma coligação governativa com JPP, IL, PAN e BE a uma noiva feia abandonada à porta da igreja.
“Isso faz lembrar aquelas noivas feiinhas que ficaram à porta da igreja sem nenhum noivo. Ninguém quer a noiva. Toda a gente rejeitou”, disse o chefe do executivo social-democrata minoritário, que disse ainda considerar proposta como uma demonstração de “grande inabilidade política”.