O socialista António José Seguro, que já assumiu estar “a ponderar” uma candidatura à Presidência da República, começa o ano em que tudo se decide com uma agenda política preenchida. Em dois dias, vai participar em três debates, dois em Lisboa e um, o primeiro, no seu distrito, Castelo Branco. Depois de dez anos de afastamento dos palcos políticos, Seguro entra agora em modo pré-candidato a Belém.
Em Idanha-a-Nova, esta terça-feira António José Seguro vai participar num debate sobre “50 anos de democracia em Portugal”, na Escola Superior de Gestão, e é apresentado como “político e professor universitário”, atividade que começou a desempenhar (na Universidade Autónoma de Lisboa e no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas) depois de ter deixado a liderança do PS. No dia seguinte, participa num almoço-debate no International Club of Portugal e, à tarde, estará num debate sobre a social democracia na SEDES, organizado pelo núcleo de jovens da associação.
O presidente da SEDES é Álvaro Beleza, um socialista muito próximo de Seguro mas que garante ao Observador que a responsabilidade da organização e os convites para este ciclo de debates é da SEDES Jovem. Ao Observador, o presidente do conselho coordenador deste núcleo, João Perestrello, explica que a questão das presidenciais “não pesou” no convite feito a Seguro, que “o intuito é fazer um caderno da SEDES sobre as várias ideologias” e que o convite ao ex-líder socialista aconteceu porque se “enquadra dentro da ideologia” em debate, a social democracia: “Não quer dizer, por exemplo, que no debate sobre a democracia cristã não convidemos Paulo Portas”. O objetivo, garante João Perestrello, “não é que os convidados façam um aprofundamento do pensamento presidencial”.
Seguro admite candidatura presidencial: “Está tudo em aberto. Estou a ponderar”
Em novembro, o socialista anunciou o regresso à vida pública nacional, com um comentário semanal na CNN Portugal. Nessa altura deu uma entrevista ao mesmo canal onde foi questionado sobre a possibilidade de avançar com uma candidatura às Presidenciais de 2026 e disse que “está tudo em aberto”, assumindo estar “a ponderar”.
[Já saiu o terceiro episódio de “A Caça ao Estripador de Lisboa”, o novo Podcast Plus do Observador que conta a conturbada investigação ao assassino em série que há 30 anos aterrorizou o país e desafiou a PJ. Uma história de pistas falsas, escutas surpreendentes e armadilhas perigosas. Pode ouvir aqui, no Observador, e também na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube. E pode ouvir aqui o primeiro episódio e aqui o segundo.]
Essa foi a primeira entrevista que deu desde que saiu da liderança do PS, em 2014. Nesse espaço de tempo em que esteve afastado poucas vezes apareceu. A aparição mais recente e significativa tinha sido em maio de 2024 — já depois das eleições legislativas e do fim do costismo no PS. Nessa altura, Seguro surgiu numa sessão promovida pela plataforma Nossa Europa, para celebrar o dia da Europa, mas pouco falou, mas aproveitando, no entanto, para se mostrar “perplexo” com a situação nacional.
Seguro diz-se “perplexo” com situação do país: “Os portugueses merecem melhor”
Durante o debate foi questionado sobre um regresso à vida política e assumiu que não era uma carta fora do seu baralho: “Não sou hipócrita de dizer que jamais em tempo algum.” A reconquista de um espaço no palco público parece ser um objetivo para os próximos meses. Ao Observador, alguns dos seus mais próximos disseram, em novembro, que o socialista se posicionou mais cedo do que outros nomes de que se fala como possíveis candidatos na área do PS para “marcar terreno”. Alguns socialistas, como Adalberto Campos Fernandes (que está mais empenhado numa candidatura presidencial de Mário Centeno) apontava como problema da eventual candidatura de Seguro a ausência prolongada do socialista. No PS teme-se que o surgimento de vários candidatos no seu espaço político possa resultar numa nova divisão presidencial do partido.
Avanço de Seguro traz receio de nova divisão presidencial no PS