Os juros da dívida portuguesa estão a subir entre dois e três pontos base nos principais prazos – dois pontos para 2,47% a 10 anos – em mais um dia em que a tendência nos outros países chamados periféricos é de alívio das taxas de juro. Em contraste com Portugal, a taxa a 10 anos de Espanha está a cair um ponto base esta manhã e, com os analistas apreensivos face ao impasse político, a diferença entre a taxa de Portugal e de Espanha duplicou em menos de dois meses.

Um mês antes das eleições, a 4 de setembro, os investidores só exigiam um prémio de risco de 43 pontos base para investir em Portugal em detrimento de Espanha, um país que tem um rating de maior qualidade mas que estava a ser pressionado pela aproximação das eleições na Catalunha. Esta diferença era calculada a partir da taxa de 2,51% exigida a Portugal e a yield de 2,08% pedida pelos investidores para comprarem dívida espanhola.

Desde então, a expectativa de que o BCE irá avançar com mais estímulos monetários levou a uma baixa generalizada dos juros na zona euro, em particular na periferia. Mas Portugal não está a beneficiar como os outros países. Espanha tem, agora, uma taxa a 10 anos de 1,62% e Portugal permanece na região dos 2,5%. A diferença esta manhã de terça-feira cifra-se em 83 pontos base, o que ilustra o agravamento súbito da perceção de risco em torno de Portugal.

A deterioração da situação de Portugal está, também, ilustrada no spread face à referência europeia sem risco que é a dívida alemã. A diferença entre os juros a 10 anos de Portugal e Alemanha subiu de cerca de 170 pontos base no início de setembro para quase 200 pontos base esta terça-feira. Veja o gráfico da Bloomberg.

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RBS diz que demissão de Costa levaria ao fim do impasse

Os analistas do mercado de dívida do Royal Bank of Scotland (RBS) têm alertado os clientes para o risco em torno de Portugal. Mas, depois da forte deterioração dos preços da dívida portuguesa (e subida dos juros e spreads), o banco de investimento levantou a recomendação negativa (underweight) que tinha instalado e passou a ter uma visão neutral em relação à dívida portuguesa.

voto de confiança deve-se a uma “potencial resolução dos riscos políticos pós-eleições”. O RBS assinala que o governo minoritário de centro-direita “necessitará de cooperação por parte dos socialistas para governar a passar reformas chave”, pelo que “se houver um novo líder dos socialistas, caso António Costa se demita, irá levar a uma maior cooperação e a um menor impasse entre os principais partidos”.