A administração do grupo de media Newshold comunicou às redações dos jornais i e Sol (dos quais é o único detentor) que vão ser despedidos até 120 trabalhadores, a maior parte jornalistas, até 15 de dezembro. Além disso, os cerca de 60 profissionais que deverão permanecer nos seus postos de trabalho serão sujeitos a cortes salariais. No caso dos cargos de direção, o valor dos ordenados pode descer para metade.

Além disso, os jornalistas deixarão de ter telemóvel de serviço e transporte do centro de Lisboa para o edifício onde se concentram as duas redações, em Linda-a-Pastora.

A Newshold – empresa que detém os jornais Sol e i – vai sair da estrutura accionista das duas publicações e será constituída uma nova empresa que vai proceder a uma forte reestruturação.

A notícia foi comunicada esta segunda-feira aos trabalhadores em plenário de redações pelo administrador da Newshold, empresa do angolano Álvaro Sobrinho, Mário Ramires.

A garantia dada foi a de que os dois títulos de informação se mantêm, pelo menos para já, mas a redação de ambos será complementar, ou seja, os jornalistas poderão escrever para ambos os jornais, sendo que todos os serviços passam a ser partilhados e eliminam-se algumas duplicações. Entre elas, a edição de fim de semana do jornal ‘i’, já que concorre diretamente com a edição semanal do Sol.

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Quem quiser sair neste momento, com todos os direitos, já poderá fazê-lo. Quem quiser transitar para a nova empresa terá de reformular ou efetuar novos contratos cujos moldes não estão definidos. Não se sabe ainda quando os salários serão cortados, sendo que nos cargos da direção os cortes chegarão aos 50%.

Os trabalhadores dos dois jornais têm sido chamados, um a um, para lhes ser comunicado qual é a sua posição futura na empresa e, no caso daqueles que ficarem, para renegociar contratos. A perda de antiguidade tem sido proposta a todos os que vão manter o emprego.

Sindicato aconselha jornalistas a não assinarem papéis

Em comunicado, o Sindicato dos Jornalistas (SJ) aconselhou os seus associados “a não assinarem, por enquanto, quaisquer documentos que lhes sejam apresentados, nomeadamente autorizações que dispensem a empresa de apresentar uma caução para os créditos devidos aos trabalhadores”.

“O SJ lamenta profundamente o encerramento de dois títulos da imprensa nacional, considera que se trata de uma perda irreparável na diversidade da oferta informativa, fundamental à defesa do pluralismo”, pode ler-se no documento divulgado na tarde de segunda-feira.

Na origem desta reestruturação está a situação financeira dos dois jornais. De acordo com o Público, o Sol fechou o ano de 2014 com prejuízo de 4,4 milhões de euros e o i com prejuízos de 3,8 milhões. Ainda segundo o Público, nos primeiros oito meses deste ano, o i foi o único jornal a ter subidas entre os cinco generalistas, no segmento circulação impressa, passando para 3.969 exemplares este ano (quota de 2%). Já o Sol caiu dos 21.705 para os 20.015 (-7,79%).