O especialista em geoestratégia José Loureiro dos Santos disse esta quinta-feira que as manobras militares realizadas na quarta-feira por aviões da Rússia constituem uma demonstração de poder e defendeu que a NATO deve rearmar-se para evitar uma nova guerra.

Na quarta-feira, a NATO informou ter detetado “manobras incomuns” e “de grande escala” da Rússia no espaço aéreo sobre o Oceano Atlântico e os mares Báltico, do Norte e Negro e enviou aviões de vários países da organização para escoltar os aparelhos russos.

Uma situação que, para o general Loureiro dos Santos, surge na sequência da chamada crise da Ucrânia, onde a Rússia “demonstrou que está disponível para usar a força para atingir objetivos políticos”.

O objetivo final da Rússia, que Loureiro dos Santos considera ser “recuperar as vantagens geopolíticas que perdeu com o fim da Guerra Fria” e “controlar o território da Ucrânia”, não tem tudo, na sua opinião a oposição que devia.

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“Neste momento, ninguém põe em causa – porque não existe poder militar para o fazer – as posições que a Rússia conquistou naquela zona” da Ucrânia, referiu, acrescentando que a falta de uma resposta forte por parte da Europa levou os países europeus de Leste que já pertencem à NATO – República Checa, Eslováquia, Hungria, Bulgária, Polónia e países bálticos – a achar que “lhes pode acontecer uma coisa parecida”.

Face ao cenário que se desenhou, a Rússia decidiu “aprofundar a situação e explora-a com demonstrações de força, mostrando a estes países [do Leste] e a todos os outros que tem força e está disponível para a usar”, alertou o especialista militar.

Admitindo estar preocupado, Loureiro dos Santos explicou que o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, “pode convencer-se de que é imparável, que não tem obstáculos, que pode avançar”.

A situação, adiantou, “pode configurar uma situação parecida com a situação nas vésperas da Segunda Guerra Mundial, em que a Alemanha de Hitler ia sucessivamente avançando e as potências ocidentais iam sucessivamente aceitando”.

Por isso, defendeu, os países europeus da NATO devem reforçar o investimento nos meios militares.

“De um momento para o outro isto pode mesmo ter que haver uma resposta e aí estamos todos envolvidos numa situação grave. Por conseguinte, é prudente que os países europeus da NATO se rearmem para conseguirem ter capacidade de dissuadir a Rússia”, concluiu.