Três meses depois de apresentar o concept do C3 Aircross no Salão de Genebra, a Citroën revelou, ainda que de forma estática, a versão definitiva do SUV compacto que vai produzir em série e que chegará ao mercado português em Novembro. O novo SUV, o primeiro do segmento B para a marca francesa, chega numa altura em que o construtor celebra as 130.000 unidades vendidas do C3 em apenas sete meses, o que transforma este seu utilitário no mais recente best seller e recordista em termos comerciais.

De onde vem o C3 Aircross?

O modelo é obviamente Citroën, em termos de design, e é-o igualmente no que diz respeito à filosofia, com o construtor gaulês do Grupo PSA – onde convive com a Peugeot, DS e, mais recentemente, a Opel – a propor um veículo com algo de irreverente e até inovador, na forma como explora o espaço interior.

Concebido sobre a plataforma que já serve o Peugeot 2008, o C3 Aircross usufrui na realidade de uma versão ligeiramente distinta deste chassi da PSA, em tudo similar ao que a Opel utiliza no Crossland X, adaptado para permitir uma maior altura ao solo, o que fácil de constatar assim que pomos os olhos neste mini SUV.

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A fabricação deste Citroën está, curiosamente, a ser assegurada pela Opel, uma vez que os veículos destinados à Europa vão todos nascer nas instalações que a marca possui em Saragoça, Espanha. Mas vão existir C3 Aircross construídos noutros locais, pois a Citroën pretende abastecer 94 países com este seu SUV, que rapidamente se pode transformar no novo best seller do fabricante francês. E a prova da confiança está no facto de o construtor anunciar já que espera incrementar as vendas em 20% nos próximos quatro anos, para o que conta igualmente com o C5 Aircross, introduzido na China em Abril e que promete chegar à Europa em 2018.

Por fora agrada. E por dentro?

O novo SUV compacto é um daqueles veículos que agrada logo à primeira vista, o que é tradicionalmente ideal quando se pretende cativar novos clientes. É claro que as suas linhas, vincadamente Citroën e derivadas do C3, poderão afastar alguns potenciais compradores, mas é o que acontece quando os modelos exibem uma personalidade vincada e é um pequeno preço a pagar quando não se quer deixar ninguém indiferente.

Parte da magia deste novo SUV depende da estética, uma versão maior e mais musculada do utilitário C3, mas igualmente da sua grande capacidade de personalização, para que cada condutor possa “vestir” o Aircross à sua maneira. A marca afirma que há 90 combinações cromáticas exteriores, entre cores de carroçaria, tejadilho e embelezadores, a que urge somar cinco ambientes interiores distintos. O pilar traseiro do tejadilho, de dimensões generosas, é interrompido por um elemento em acrílico, o que não só assegura uma entrada de luz extra para o habitáculo, com ainda fornece mais uma possibilidade de animar a decoração do veículo. Veja aqui algumas das opções de personalização:

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Por dentro, o Citroën cativa ainda mais, uma vez que ao design um pouco louco alia o maior habitáculo da classe, pelo menos segundo o construtor, que anuncia ainda a bagageira mais generosa do segmento, com uma capacidade que oscila entre 410 e 520 litros, consoante a posição do assento traseiro, que é ajustável longitudinalmente em 15 cm.

Sentados ao volante, os nossos 1,75 m de altura permitiam-nos encontrar facilmente a posição de condução ideal, mas ainda assim deixar um espaço muito interessante para modelos desta bitola, para quem se senta atrás. O tablier faz lembrar o do C3 – à semelhança do que acontece com as restantes soluções estéticas, tanto no exterior como no habitáculo –, plano na zona superior, o que aliado ao pára-brisas avançado incrementa a sensação de espaço a bordo.

Sem entrar em grandes pormenores, a Citroën prometeu que o mais pequeno dos seus Aircross vai incluir uma série de equipamento de conforto, mas também de segurança e de ajudas à condução. E, como não podia deixar de ser, as mais recentes soluções de conectividade não vão faltar num veículo que pretende cativar uma clientela jovem, a qual não abdica de estar sempre ligada.

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Como é dentro e fora de estrada?

Para sabermos como será o C3 Aircross em termos de eficácia e de conforto, não é suficiente ser jornalista especializado em indústria automóvel, sendo fundamental ter igualmente alguns dotes de adivinhação, pois esta foi uma apresentação de um automóvel que fez questão em permanecer imóvel. Assim sendo, resta-nos avaliar o que pudemos observar, a começar pelos bancos, confortáveis e concebidos conforme o conceito Citroën Advanced Comfort.

Com 4,15 m de comprimento, 1,76 m de largura e 1,64 m de altura, este Aircross anuncia uma distância entre eixos de 2,60 m, mas é a sua altura ao solo mais elevada que o pode prejudicar em asfalto, ao dotá-lo de um centro de gravidade mais alto. Contudo, é esta mesma característica que lhe vai permitir transpor melhor as estradas de terra, especialmente aquelas com zonas mais degradadas, o que é exactamente o que os potenciais clientes pretendem de um SUV.

Para estes clientes, que visam uma utilização mais radical, o novo Citroën oferece pára-choques mais curtos, para aumentar os ângulos de ataque e de saída dos obstáculos, a maior distância ao solo que já mencionámos e que faz maravilhas ao ângulo ventral, e uns plásticos a proteger os guarda-lamas de riscos e esfregadelas em arbustos, mas que, acima de tudo, conferem ao modelo o ar “durão” que tanto agrada a quem gosta de SUV.

Para andar mais à vontade em pisos escorregadios, tipo gelo, neve ou lama, a Citroën recorreu à mais recente geração do Grip Control, que já conhecemos do 2008. Só que agora o sistema oferece cinco níveis de controlo do tracção, mais um do que antigamente, isto porque passa a integrar o Hill Assist Descent Control, para lidar com descidas íngremes cuja aderência deixa muito a desejar.

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E os preços?

Outro segredo que a Citroën tem bem guardado, e assim vai continuar até Julho, quando terminarem as actuais negociações com a casa-mãe. Ainda assim, sabe-se já que, apesar da marca referir o Renault Captur como o rival a abater, será ao Peugeot 2008 e ao Opel Crossland X que o Aircross se vai equiparar.

Concentrando-nos no 2008, é hoje certo que o C3 Aircross irá possuir as mesmas motorizações a gasolina e a gasóleo, da mesma forma que é claro que o novo SUV vai alinhar pela estratégia actualmente em vigor para os restantes modelos, que consiste em evitar entrar na guerra dos descontos, mas propor à cabeça um preço mais competitivo. Como o 2008 com o motor 1.2 PureTech a gasolina é proposto a partir de 17 mil euros, o C3 Aircross deverá colocar-se abaixo desta fasquia, enquanto os motores diesel deverão iniciar a sua oferta abaixo dos 20.000€ pedidos pelo 2008 com o motor 1.8 BlueHDi.

Em termos mecânicos, o C3 Aircross inicia a sua oferta a gasolina com o motor Pure Tech de 82 cv, para depois continuar com as versões de 110 e 130 cv, para quem deseje uma condução mais dinâmica. Para quem prefira os motores a gasóleo, a marca francesa monta duas versões do 1.6 BlueHDI, uma com 100 e outra com 120 cv, ambos a garantir menores custos de utilização, mas igualmente maiores custos de aquisição, indicados por isso para quem percorra muitos quilómetros por ano.