A criação de um estado palestiniano ficou a apenas um voto a favor de ser reconhecido pela ONU. No último dia do ano, o Conselho de Segurança da ONU chumbou uma resolução submetida pela Jordânia que pedia duas coisas: a saída de Israel de territórios palestinianos em três anos e a criação do Estado da Palestina. O chumbo da resolução faz temer o aumento da violência.
O texto foi submetido pela Jordânia e teve oito votos a favor, dois contra e cinco abstenções. Ficou a apenas um voto a favor e a anulação de dois contra para ser aprovada. Quem impediu o sim à criação o Estado da Palestina foram os Estados Unidos da América e a Austrália. Reino Unido, Lituânia, Nigéria, Coreia e Ruanda abstiveram-se.
A primeira proposta de texto da Jordânia foi apresentado há cerca de duas semanas e desde essa altura que os Estados Unidos recusaram o prazo de três anos (2017) para a retirada de Israel de territórios palestinianos. De acordo com o texto, seria dado um prazo de 12 meses para a conclusão das negociações para um acordo final de paz e apelava a Israel para que se retire dos territórios palestinianos até ao final de 2017, com base nas fronteiras pré-1967. Mais, o texto definia Jerusalém como capital partilhada.
Agora, com o chumbo da resolução, muitas são as preocupações que isto signifique um aumento da violência da região. E que esta posição do Conselho de Segurança da ONU tenha uma outra consequência: dificultar o reinício das negociações entre as duas partes para um acordo para a paz.
Diversos parlamentos de países europeus, incluindo Portugal, aprovaram recentemente resoluções não vinculativas a defender que os respetivos governos reconheçam a Palestina como Estado.
Também o Parlamento Europeu aprovou, há duas semanas em Estrasburgo, uma resolução na qual “apoia, por princípio, o reconhecimento do Estado palestiniano”, reafirmando o seu “apoio inequívoco” à solução de coexistência de dois Estados, Israel e Palestina.
As Nações Unidas já alertaram para um possível regresso ao conflito caso os esforços para promover a paz não sejam retomados.
Os Estados Unidos, principal aliado de Israel, têm apelado à realização de mais consultas para a resolução das Nações Unidas, enquanto a Palestina, que tem desde 2012 o estatuto de Estado observador da ONU, já se afirmou disponível para negociações para alcançar o consenso dos 15 países que pertencem ao Conselho de Segurança.
No verão passado a guerra voltou à região, durante 50 dias, quando Israel interveio na Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas, para desmantelar as bases de foguetes que estavam a ser disparados contra as populações civis do sul do país. Essa campanha causou quase 2.200 mortos entre os palestinianos, grande parte civis, e cerca de 70 vítimas mortais israelitas, quase todos soldados, num conflito que provocou uma grande destruição em Gaza.
Rússia lamenta, Israel satisfeito
A Rússia “lamentou” a rejeição, pelo Conselho de Segurança da ONU, da resolução que pedia a retirada de Israel dos territórios palestinianos, afirmou o embaixador russo nas Nações Unidas, qualificando a votação de “erro estratégico”.
“A Federação Russa lamenta que o Conselho de Segurança da ONU não tenha conseguido adotar o projeto de resolução”, disse Vitali Tchourkine, em declarações transmitidas pela cadeia de televisão russa Rossiya 24.
Neste sentido, o embaixador russo acusou Washington de “monopolizar” as negociações de paz israelo-palestinianas e de as deixar “num impasse”.
Já Israel manifestou satisfação pela decisão. “Todos os israelitas que querem a paz com os nossos vizinhos só podem estar satisfeitos com os resultados desta votação”, afirmou o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Tzahi HaNegbi, em declarações à rádio pública, horas depois da reunião.