“Há muitos anos que havia a intenção de fazer uma grande exposição de Amadeo de Souza-Cardoso em Paris. Tendo ele vivido em Paris, tendo Paris dado um contributo inestimável para a sua obra, naturalmente uma grande exposição aqui, num sítio emblemático, seria realmente necessária”, disse à Lusa João Caraça, o diretor da delegação em França da Fundação Calouste Gulbenkian.
A maior exposição em França de Amadeo de Souza-Cardoso – que viveu em Paris de 1906 a 1914 – pretende dar “a descobrir” aos franceses o artista que já tinha sido considerado “o segredo mais bem escondido da cultura portuguesa”, acrescentou João Caraça.
“É um grande momento da cultura portuguesa e um grande momento da aproximação entre Portugal e França e as suas comunidades, tomando como pretexto um grande artista – talvez o maior pintor português do século XX”, descreveu, em declarações à Lusa.
O cinquentenário da Fundação Gulbenkian de Paris vai contar também com uma mostra sobre os últimos 50 anos da Arquitetura Portuguesa, de abril a julho de 2016, na Cité de l’Architecture et du Patrimoine, com nomes como os dois Prémios Pritzker -Álvaro Siza e Eduardo Souto de Moura -, e também Pancho Guedes, os irmãos Aires Mateus, Gonçalo Byrne, Ruy Athouguia, Nuno Portas e Nuno Teotónio Pereira, entre outros.
O programa do cinquentenário teve início este ano, a 30 de janeiro, com a exposição “Pliure. Prologue (La part du feu)” – “Dobra. Prólogo (a parte do fogo)” -, na Gulbenkian de Paris, que reúne cerca de 40 obras de sete séculos, em torno da relação entre o livro e a arte.
O programa vai continuar de 05 de maio a 25 de julho deste ano, com a exposição “Modernités: photographies brésiliennes 1940-1964”, um panorama de quatro nomes representativos do nascimento da fotografia moderna no Brasil – Marcel Gautherot, José Medeiros, Thomaz Farkas, Hans Günter Flieg -, numa mostra que também vai estar na Gulbenkian, em Lisboa, de fevereiro a abril.
“A Sul de Hoje. La création contemporaine au Portugal” é a mostra que se segue na Gulbenkian de Paris, entre 16 de setembro e 13 de dezembro, deste ano, “um momento para chamar a atenção para aquilo que se faz de mais recente em Portugal”, continuou o diretor da delegação francesa da Gulbenkian.
Em 2016, além da retrospetiva de Amadeo de Souza-Cardoso e da mostra sobre a arquitetura portuguesa, o programa do cinquentenário inclui uma exposição de Julião Sarmento, de 27 de janeiro a 17 de abril, artista contemporâneo conhecido do público francês, representado no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA), na Tate de Londres e no Centre Pompidou de Paris.
Além das exposições, a Fundação vai acolher diversos debates, com destaque para os colóquios “A Filantropia no século XXI: construir o bem comum” (13 de outubro) e “As Margens” (9-10 de março), o encontro com os vencedores do Prémio Camões (18-19 de junho) e uma conferência sobre as artes da língua portuguesa (21-22 de outubro), previstos para este ano.
Em parceria com a revista literária francesa Books, a Gulbenkian de Paris vai passar a atribuir um prémio bienal para a melhor tradução em francês de uma obra escrita em língua portuguesa e uma bolsa a um curador para desenvolver projetos expositivos.
A delegação em França da Fundação Calouste Gulbenkian foi inaugurada a 03 de maio de 1965, no palacete que fora residência do empresário e colecionador de arte Calouste Sarkis Gulbenkian, durante a década de 1930, na avenue d’Iéna, no “faubourg de l’Etoile”, perto do Arco do Triunfo.
No final de 2011, o centro mudou-se para o n.º 39 do Boulevard de la Tour Maubourg, perto da Torre Eiffel.