A Grécia e os credores internacionais já vão no segundo dia da maratona negocial para conseguir um acordo de última hora que permita ao país receber a última tranche do empréstimo internacional, e assim evitar que Atenas não consiga pagar ao Fundo Monetário Internacional.

A Comissão Europeia confirmou que as negociações continuam este domingo, depois de o primeiro-ministro grego ter enviado no sábado uma equipa com uma nova proposta para tentar um acordo de última hora. Não há previsão para quanto deve acabar a maratona.

Alexis Tsipras disse em Atenas que continua otimista quanto a um acordo, mas as notícias que saem de Bruxelas não são as melhores. Segundo a France Presse, as duas partes continuam muito afastadas e é muito difícil de prever se vão conseguir aproximar posições ao ponto de ser possível um acordo.

Do lado grego, o ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, continua a lançar farpas aos credores e às propostas que estão a ser apresentadas. Este sábado, numa entrevista à BBC, o governante qualificava de ridícula a proposta do FMI para cortar pensões na Grécia e dizia que esse era o tipo de proposta que se apresenta quando não se quer chegar a um acordo. Ainda esta manhã, no twitter, Varoufakis em resposta a um comentário dizia que se recusava a cortar nas pensões mais baixas ou a subir o IVA sobre a eletricidade para 23% (Portugal fez isso mesmo em 2011).

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Do lado da Alemanha, o maior credor da Grécia, a paciência parece estar cada vez mais curta. No sábado foi noticiado que Wolfgang Schäuble, o ministro das Finanças da Grande Coligação, já teria dado ordens à sua equipa para preparar uma proposta para se criar um mecanismo que permitisse o incumprimento no pagamento da dívida pública por países dentro da zona euro, que permitisse evitar que os países credores ficassem reféns em situações com esta.

Hoje, é a vez do vice-chanceler alemão, e também ministro da Economia, Sigmar Gabriel falar abertamente da possibilidade da Grécia sair da zona euro e de avisar Atenas que a paciência está a esgotar-se.

“Não vamos permitir que sejam os trabalhadores alemães e as suas famílias a pagarem pelo exagero das promessas eleitorais de um governo parcialmente comunista”, escreve o governante numa coluna de opinião que será publicada esta segunda-feira pelo jornal alemão Bild.

A Grécia precisa de fechar um acordo que lhe permita receber os 7,2 mil milhões de euros da última tranche do empréstimo europeu, referente ao segundo resgate ao país desde 2010, para poder pagar as suas dívidas, em especial as dívidas deste mês ao FMI, que Atenas pediu para juntar apenas num pagamento no final do mês.

No entanto, o acordo tem de chegar antes do final do mês, já que, para o dinheiro ser transferido, é obrigatória a aprovação dos parlamentos nacionais, um processo burocrático que vai exigir alguns dias, pelo menos. A data limite máxima está a ser apontada agora como o próximo Eurogrupo (reunião dos ministros das Finanças da zona euro), que acontecerá no final da próxima semana no Luxemburgo.