A Europa voltou a ouvir gritos de ordem a pedir a morte dos judeus, conta a Newsweek. Aconteceu em Haia, uma cidade a pouco mais de 20 quilómetros de Roterdão, na Holanda, à margem de uma manifestação pró-Palestina, que será afeta ao ISIS — Estado Islâmico do Iraque e Levante –, um grupo jihadista que muitos veem como mais perigoso do que a Al-Qaeda.

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O reativar da sangrenta batalha na Faixa de Gaza terá motivado estes desenvolvimentos em solo holandês. Esta é, segundo a publicação norte-americana, a segunda manifestação incitando à violência contra os judeus na cidade holandesa. A primeira ocorreu a 4 de julho, enquanto esta teve lugar no dia 24.

Estas investidas mereceram a reação de uma instituição judaica para os direitos humanos, o Simon Wiesenthal Center, que enviou uma carta ao presidente da Câmara de Haia, Jozias Van Aartsen. Alguns excertos do texto estão disponíveis no seu site oficial.

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“Os holandeses enfrentam hoje infelizmente duas formas de terrorismo. O primeiro daqueles que abateram o avião da Malásia na Ucrânia; o segundo do potencial perigo do ISIS em casa. O segundo consegue parar se quiser”, assim começa a mensagem.

A carta foi escrita por Shimon Samuels, o diretor para as Relações Internacionais do Simon Wiesenthal Center, que se mostrou chocado pela dupla autorização para aquelas manifestações. “Ironicamente a cidade denominada de ‘a cidade da paz e justiça’ a apelar à morte dos judeus”, podia ler-se na carta.

E continua: “Agora encorajado, há poucas dúvidas de que o chamado ISIS irá juntar-se pela terceira vez, gritando ‘Mautal-Yahud’ (morte aos judeus) e ‘Khaybar Khaybar’ (o cantico genocida para o massacre de judeus na Arábia). (…) Senhor presidente da Câmara irá impedir essa terceira vez e todos os que a seguem, antes que as demonstrações de jovens entusiastas se tornem em ações, ameaças em violência?”

A carta questiona ainda o que fará Aartsen relativamente ao polícia responsável pela tradução dos cânticos, que terá dado luz verde aos protestos. “Como podem os seus cidadãos confiar na proteção da sua cidade?” E remata: “Senhor presidente, a sua autorização para estas reuniões colocam-no a violar a lei anti-terrorismo da Holanda.”

Samuels, em declarações ao jornal israelita Algemeiner, tem poucas dúvidas sobre a essência destes movimentos: “Esta manifestação tem pouco a ver com solidariedade em Gaza. É inequivocamente apontada contra os judeus.”

O diretor do centro criticou ainda os relatórios policiais, que terão mitigado o que realmente se passou. O Ministério Público holandês afirmou, segundo a Newsweek, que “apenas 40 ou 50 pessoas estiveram presentes” e que “a polícia estava presente com um oficial que falava árabe”, que concluiu que “os slogans ouvidos não ultrapassaram os limites”. E foi por isso que “não houve detenções”.