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Sociedade Filarmónica União Artistica Piedense, em Almada, durante o discurso de Jerónimo de Sousa
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Sociedade Filarmónica União Artistica Piedense, em Almada, durante o discurso de Jerónimo de Sousa

LUSA

Sociedade Filarmónica União Artistica Piedense, em Almada, durante o discurso de Jerónimo de Sousa

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Jerónimo de Sousa: "Fiem-se nas sondagens e vão ver a surpresa que têm"

As últimas sondagens que colocam a CDU abaixo dos 7% não preocupam Jerónimo. Reconhece que é "uma batalha difícil", mas com o trabalho até à eleição acredita que vai surpreender.

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Artigo em atualização ao longo do dia

Jerónimo de Sousa sabe bem o que é ter de cancelar uma ação de campanha porque o corpo não ajuda. Aconteceu-lhe nas legislativas de 2005, quando a voz deu de si num debate na RTP. “São marcas de batalha”, justificava na altura o secretário-geral do PCP. Desta vez, foi Costa quem se viu obrigado a cancelar as iniciativas de rua.

Costa foi ao hospital durante a noite “com dores musculares” e está proibido de fazer campanha de rua

O PS tem sofrido muitos ataques vindos da CDU mas, solidário neste tipo de imprevistos, Jerónimo de Sousa quis esta manhã desejar-lhe “as melhoras”.  O próprio Jerónimo não está exatamente “fresco que nem uma alface”, mas há uma diferença: quando se tem “ânimo”, é mais fácil a suportar o cansaço da dureza da campanha.

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E a da CDU levou-o este sábado a Palmela e à Sociedade Filarmónica. Há muitos anos que aqui são formados músicos, mas a necessidade de obter certificação na formação musical levou a que em 2001/2002 começasse a funcionar em regime de conservatório regional conforme explica ao Observador Luís Pinto, da direção Pedagógica.

Na sala à direita há um coro de iniciação, com alunos desde os 4 anos, animados com a presença das câmaras de televisão. Uns passos mais à esquerda e a música que soa aos ouvidos da comitiva da CDU é o clássico “Hallelujah” de Leonard Cohen. As vozes eram do coro amador de adultos que, apesar de ter começado as aulas há poucos dias, soava a estar pronto a subir ao palco.

E ao palco subiu também a conquista que Jerónimo reclama para o PCP: a descida do IVA nos instrumentos musicais. O secretário-geral destacou que “continua a haver lugar para a juventude” e a juventude ainda lhe atrasou a visita por uns momentos, com os pedidos de selfies.

No auditório, uma apresentação da orquestra e um desafio para o secretário-geral. Jerónimo daria um bom músico? “Acho que sim”, respondeu o maestro Mário Carolino. E o instrumento? “Como tenho falta de músicos, só se fosse trompete”. A gargalhada foi geral, mas mesmo a brincar, Jerónimo de Sousa não perde o foco. Estas eleições são coisa séria e não é tanto a derrota da CDU que o candidato teme: “Se fosse uma derrota da CDU aguentávamo-nos bem, mas seria uma derrota para o povo”.

Uma volta ao mundo, com imigrantes e cachupa à mesa

A maioria das ações desta campanha têm sido em locais fechados. Exceção feita ao passeio pela Ria Formosa e ao jantar em Serpa, mas o bom tempo, o sol e o facto de ser sábado levaram a caravana da CDU até um jardim no Vale da Amoreira, na Moita, para uma “ótima cachupada”. Ao som dos ritmos africanos, já uma repetição na playlist desta campanha, lá se comeu a cachupa, sorriu para as fotografias e recebeu uns livros de recordação.

A passagem de Jerónimo de Sousa e dos comunistas não é novidade para quem vive ali. “Não se lembram de nós apenas em campanha eleitoral, vêm cá muitas vezes”, comentava-se entre mesas. E além da presença constante, Margarida Teixeira, candidata da CDU pelo círculo de Setúbal lembrou também a “combatividade do PCP pelas mulheres imigrantes que são vítimas de dupla discriminação”.

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O discurso que se seguiu, do secretário-geral do partido, vinha com alguns recados anexos. Jerónimo notou que é preciso ter claro que “os imigrantes não são um peso” que “o PCP rejeita linhas de consciente mistificação de imigrantes e refugiados” considerando ainda que a Europa se está a tornar “uma fortaleza”.

As notícias de problemas no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e as dificuldades em tratar dos documentos, que os estrangeiros em Portugal enfrentam, não são novas e a CDU quer resolver o problema. Jerónimo frisou que os imigrantes pagam impostos e segurança social e recordou a proposta de “simplificação e desburocratização” dos processos para diminuir as dificuldades nos serviços. Desde 2017 que os imigrantes que estejam no país — ilegais ou não — apenas precisam de apresentar um contrato de trabalho para garantir autorização de residência em Portugal.

Jerónimo garantiu ainda que a CDU travará um “combate aos traficantes de mão de obra imigrante” e exigiu que Portugal “retifique a convenção internacional da ONU facilitando o direito ao reagrupamento familiar”.

O PCP “não foi domesticado”. Jerónimo diz que o “processo democrático não se desenvolve com um exército de pobres e miseráveis”

À tarde, depois de se juntar ao tradicional desfile dos candidatos por Setúbal, no cimo da rua que termina junto à Sociedade Filarmónica União Artistica Piedense, em Almada, (onde estava preparado o comício) Jerónimo de Sousa mostrou-se agradado e impressionado com a sala cheia de gente que o recebia “ainda que fosse um dia de semana”. Na verdade, é sábado. Um lapso no discurso que fez soltar alguns risos de quem assistia. O próprio Jerónimo de Sousa já tinha avisado que “não estava fresco como uma alface”.  Mas a equipa de assessores tinha outra justificação: “Todos os dias são dias de trabalho”. E têm sido. Jerónimo não perdeu até agora uma oportunidade de alertar para o perigo de deixar o PS “de mãos livres” e para pedir que cada apoiante da CDU se transforme num deputado. Afinal as sondagens não estão simpáticas para os comunistas, mas isso não o assusta.

Na quinta-feira, Jerónimo tinha dito que não era homem de fazer profecias, mas as sondagens que colocam a CDU com um resultado inferior a 7% deram aso a uma:

Fiem-se nas sondagens e deixem-nos trabalhar e avançar e vão ver a surpresa que vão ter nas eleições”

Para aqueles que acusam o PCP de ter sido “domesticado” nos últimos quatro anos Jerónimo respondeu citando o ideólogo do comunismo: “Era Marx que dizia que deve sempre lutar-se pela melhoria das condições de vida dos trabalhadores. Com a consciência que isso era insuficiente, mas sempre do lado dos trabalhadores porque o processo democrático não se desenvolve com um exército de pobres e miseráveis”.

Dentro da sala cheia, Jerónimo acreditou estar a falar para votantes na coligação: “Esta massa toda vai votar na CDU”, na sala ouviram-se algumas gargalhadas e, nas cadeiras mais distantes do palco e perto dos jornalistas ainda se sussurrou: “há uns que não”. E por não dar nenhum voto por garantido é que o secretário-geral diz que “faltando só uma semana todos devem ser ativistas da CDU”. E o apelo foi bem recebido. À saída já havia quem, ao telefone, estivesse a combinar em grupo a boleia para o comício de encerramento distrital, em Setúbal.

Portugal tem que deixar de tirar o chapéu à União Europeia, diz Jerónimo

A ação que encerrou este sétimo dia de campanha foi bem mais morna que a anterior. De Almada, onde o apoio ao PCP é grande, a caravana voltou a rumar a sul (de onde saiu hoje de manhã) até Sines para falar sobre o desinvestimento que esta zona do país tem sofrido e, sentados à mesa para comer uma caldeirada de bacalhau, os sineenses ouviram o cabeça-de-lista por Setúbal, Francisco Lopes, dizer que é preciso “blindar a medida dos passes sociais” para que, também nesta área, “não se ande para trás” revertendo a medida.

Jerónimo de Sousa falou para os cerca de 150 apoiantes da CDU na Casa do Povo e foi claro ao dizer que só o reforço da CDU pode fazer com que Portugal deixe de “tirar o chapéu à União Europeia” e seja “um país livre, desenvolvido e soberano como o povo português entende”.

Além das críticas ao PS e à hipótese da sua maioria absoluta, claramente o único alvo da CDU nesta campanha, o secretário-geral do partido voltou às sondagens que não sorriem aos comunistas. “Não temos uma empresa de sondagens, mas estamos aqui”. Para Jerónimo o resultado eleitoral mede-se nas ações de campanha: “A nossa sondagem diz que o nosso resultado ainda está em construção, que é possível convencer alguém e ganhar mais votos com o peito cheio”, embora a campanha comunista ainda não tenha tido qualquer momento de contacto com a população. Durante a tarde deste sábado os candidatos fizeram o tradicional desfile em Almada, mas Jerónimo não participou.

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