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"Dispararam, como quem diz 'olha amiga, daí não passas'"

Ana Estrada esteve na Faixa de Gaza a liderar um projeto de saúde mental e sentiu de perto os dramas da população palestiniana que vive diariamente em sobressalto. "Não tens liberdade nenhuma."

Eram quase 16 horas em Lisboa quando os ponteiros se espreguiçavam em La Paz, na Bolívia, anunciando as 11 horas. O Skype piscava, o que significava que Ana Estrada, uma portuguesa que esteve entre junho e dezembro de 2013 na Faixa de Gaza com a camisola dos Medicos del Mundo, já estava do outro lado da linha. “Dá-me só um segundo para receber aqui um chá, que dizem ajudar quem está a 3.000 metros de altitude.” Com certeza.

Aos 34 anos, Ana Estrada tem já muito para contar. Licenciada em Psicologia Clínica com estudos posteriores em Portugal e no estrangeiro, esteve três anos no Haiti, onde chegou seis meses antes do sismo devastador de 2010, que terá matado mais de 220 mil pessoas e ferido outras 300 mil. Que tal a experiência? “Não aconselho”, disse, seguido de uma senhora gargalhada para esquivar-se a falar de coisas tristes.

Num passado não muito distante, Ana Estrada foi bombeira, trabalhou num projecto de intervencão comunitária, deu consultas numa clínica privada e foi professora universitária no ISLA de Leiria, onde lecionou Psicologia e Recursos Humanos. Pouco depois de começar esta última aventura, rejeitou um convite das Nações Unidas para rumar a Timor. “Estava a dar aulas há uma semana. Não era correto abandonar”. Mas no final do ano letivo não vacilou e fez as malas para o Haiti, onde esteve três anos.

Ana Estrada, 34 anos, é licenciada em Psicologia Clínica. Foi bombeira, deu consultas e lecionou no ISLA antes de ir para o Haiti.

Mais tarde, entre junho a dezembro de 2013, esteve na Palestina a liderar um projeto de saúde mental, onde se deparou com dificuldades mil. Explicar que era necessário separar a religião dos princípios da psicologia foi um dos grandes desafios. Ana Estrada diz que os palestinianos “por vezes consideram que, se calhar, se rezarem um pouco mais a coisa vai lá”. A falta de confidencialidade quando as pessoas vão a uma consulta de psicologia e o estigma em relação ao tratamento da saúde mental, agravado pela distinção clara de estatuto entre mulheres e homens, são outros aspetos apontados pela psicóloga como traços marcantes da intervenção que realizou no terreno. Neste décimo dia de outubro, o Dia Internacional da Saúde Mental, o Observador ouviu as histórias que viveu na Faixa de Gaza, uma região que vive em sobressalto há muito tempo.

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Como foi parar à Palestina? 

Estava a trabalhar com uma ONG espanhola, a Medicos del Mundo. Fui para Gaza seis meses coordenar um projeto de saúde mental, que visava a capacitação do pessoal clínico que trabalhava nos centros comunitários. Eu estava a dar formação a psiquiatras, psicólogos, enfermeiros e assistentes sociais. O meu trabalho era apoiar e tratar estudos de caso. Se os ajudarmos a melhorar a sua intervenção, damos-lhes, ao mesmo tempo, a capacidade de se autonomizarem e não criarem dependência de ONGs.

“A saúde mental é muito desprezada. Em Gaza não é exceção. Existe muito a ideia de que a saúde mental é coisa de mulher, mas também é dos homens.”

À parte da capacitação do pessoal, desenvolvemos um projeto paralelo com a luta contra o estigma relativo à saúde mental. Na nossa sociedade ainda existe muito esse estigma, até pela empregabilidade no mercado. A saúde mental é muito desprezada. Em Gaza não é exceção. Existe muito a ideia de que a saúde mental é coisa de mulher, mas também é dos homens. Em Gaza também, há muita dificuldade em reconhecer que um homem possa sofrer de distúrbios psicológicos, depressão ou baixa autoestima… O nosso trabalho foi quebrar esse estigma e por a nu essa realidade.

Como é o acompanhamento dos pacientes? 

Ali trabalham muito numa vertente sistémica. Quando uma pessoa tem um problema, envolve-se a família e a comunidade para intervir e ajudar na resolução do mesmo. Uma criança que tenha dificuldades de aprendizagem ou uma mulher deprimida não podem esperar a confidencialidade. Por exemplo, uma mulher vai lá uma primeira vez, e tu abres ou não abres o registo clínico. É que muitas vezes não querem abrir porque não são confidenciais. O Hamas, quando quer recrutar novos elementos, vai procurar informações nos centros clínicos ou nos hospitais.

"Ali também há violência doméstica. Há mulheres oprimidas pelas ameaças que sofrem. (...) Pedir o divórcio é pedir a morte."

É difícil contabilizar e ter números. A população não procura ajuda porque têm medo de ser catalogados e de ser vítimas dessa busca. Uma mulher que queira acompanhamento, a primeira vez pode ir sozinha, mas a segunda já terá de ter a autorização do marido. O marido vai sempre saber que ela está a ser acompanhada e o motivo. E se ele for o motivo?… Ali também há violência doméstica. Há mulheres oprimidas pelas ameaças que sofrem. Não há apoios nem infraestruturas para ajudar estas mulheres. Pedir o divórcio é quase como pedir a morte.

A religião é um obstáculo no tratamento desses casos?

A religião tem um grande peso nas perspetivas que têm de vida, tem uma grande influência no desenvolvimento da sociedade e no apoio que se dá a estas pessoas. É difícil para eles distinguir ou aceitar que a ciência possa trazer uma perspetiva mais eficaz de intervenção do que a religião. Muitos psicólogos têm formação, mas é sempre com a vontade de Deus. Se calhar se rezar mais a coisa resolve-se. Se calhar não cumpriu com os seus deveres e por isso o seu marido bate-lhe. O meu trabalho era sensibilizar para a diferença entre a religião e ciência. Passar a mensagem de que um psicólogo em Gaza, Portugal ou China tem de partilhar os mesmos códigos de conduta e princípios éticos.

É óbvio que não posso chegar ali e dizer “vocês estão errados”. A ciência também muda. Eu tentava criar debates para colocar estas pessoas a refletir sobre direitos e o que nos faz sentir bem. O que devemos fazer como técnicos. O que procuram as pessoas? Uma condenação? Um apoio? Tentava criar discussões para que eles chegassem a conclusões por eles. Tive de ter muita sensibilidade cultural.

Qual era o fenómeno mais observado?

Posso dizer que há um grande número de crianças e adultos que sofrem de stresses traumáticos. Stress agudo e pós-traumático, pois aquelas pessoas vivem numa realidade traumática. O ambiente hostil é constante. Agarrado a isso vem uma série de consequências, nomeadamente comportamentos desviantes, dificuldades de aprendizagem e de desenvolvimento relacional, depressão e até suicídio. E obviamente a revolta pode conduzir à criação de fundamentalistas. A área já é tão pequena e os israelitas ainda interditam 44%. É viver constantemente num estar desalojado. Há instabilidade emocional, de segurança também e poucas perspetivas de futuro.

Onde dormia e em que condições vivia?

Cheguei a Gaza nos fins de junho de 2013 e vim embora em dezembro. Vivia numa casa-escritório. Era a única internacional da minha equipa. Todos os meus colegas eram palestinianos. Era uma casa normal, mas transformámos uma divisão em escritório. Por segurança também, para evitar que saísse à rua e fizesse muitos movimentos. Nesse edifício estavam outras organizações. Estava bem identificado. Se [os israelitas] quisessem bombardear, sabiam o que estavam a bombardear. Nesse sentido havia segurança, mas claro que algo pode sempre acontecer…

A água que tínhamos no cano da cozinha e casa de banho era meio salgada. Eles não têm muitas fontes para extrair a água. Os tratamentos de água ficam muito aquém. Muitos locais não têm água potável para higienizar os alimentos, o que provoca doenças. Quanto a eletricidade, as pessoas habituaram-se a viver sem ela. Fazem turnos: tínhamos eletricidade a cada oito horas. Às vezes era de seis em seis. Enquanto uma zona da cidade tinha, outras não. Há falta de internet, de comunicações e de combustível para alimentar os geradores, o que traz consequências catastróficas para hospitais, escolas e empresas.

"Se [os israelitas] quisessem bombardear, sabiam o que estavam a bombardear. Nesse sentido havia segurança, mas claro que algo pode sempre acontecer..."

O que mais a impressionou quando chegou ao terreno?

A resiliência da população. Tive de gerir muito bem os meus sentimentos para não incentivar à luta. Ficava, e ainda hoje fico, indignada com a passividade com que aquelas pessoas vivem face àquilo que é uma condição humanitária extrema. Aquelas pessoas vivem presas. Senti-me revoltada. É uma violação dos Direitos Humanos. São castigados por uma minoria — Hamas — que, pelo que percebi, nem todos apoiam, e depois são oprimidos pelos israelitas.

“Muitos sonham tirar o curso universitário que lhes permita ter acesso àquela fronteira, àquela barreira, àquele muro, que os impede de ver o que há do outro lado. É uma impotência tão grande. Senti-me revoltada.”

Posso dar um exemplo. Em novembro celebrava-se o nono aniversário da morte de Yasser Arafat, que era da Fatah, oposição ao Hamas. Para evitar movimentos nas ruas, o Hamas tem um sistema de enviar sms para todas as pessoas. Nessa altura diziam “se virmos algum movimento estranho na rua com indícios de celebração desta vez não atiramos para os pés, mas sim para a cabeça”. Porque houve uma altura em que eles disparavam para os pés da população e usavam aquele humor negro, dizendo “isto é a nossa discoteca” (porque as pessoas saltam e ‘dançam’ por causa das balas). Não tens liberdade nenhuma e és ameaçado constantemente.

Ao mesmo tempo tens israelitas que lançam rockets diariamente. Durante o tempo que lá estive houve rockets todos os dias. E muitas vezes eram direcionados para o mar, porque houve os Acordos de Oslo em 1993, que diziam que os pescadores podiam ir até 30 quilómetros de distância no mar. Mas os israelitas nunca cumpriram o acordo. Davam dez quilómetros, mas havia dias que davam só um.

Outra coisa curiosa tinha a ver com aquilo que eu acho que é um ato super-terrorista da parte dos israelitas, que são as explosões sónicas. Não são bombas reais, mas têm um som idêntico a uma bomba. A primeira vez que ouvi estava no escritório e ouvi um “boom!!” e as janelas começaram todas a abanar. Olhei para os meus colegas e perguntei o que fazer, mas eles ficaram tranquilos, como se nada tivesse acontecido. Acabaram por explicar-me que muitas dessas bombas não são reais. Mas isto não é mais do que terrorismo, uma ameaça, uma opressão. É um “nós estamos aqui!”.

Costumava sair à rua com regularidade?

Quase todos os dias. Para o meu bem-estar. Ia ao ginásio, era a minha escapatória. Era só para mulheres, era a oportunidade para ver os cabelos delas, porque na rua andavam todas cobertas. Vi-as de calções. O ginásio era no terceiro andar e, uma vez, decidi ir à janela. Mandaram-me logo para dentro porque podia haver homens na rua a ver-me de t-shirt.

Como era o cenário por lá?

O sitio mais bonito era o cemitério dos ingleses: calmo, sem trânsito, verde. Era uma paz. Entretanto foi destruído nesta guerra. Também gostava de ir aos restaurantes à beira-mar. Podes olhar para o mar, tens uma linha de horizonte. Podes respirar a liberdade. Uma falsa liberdade, mas que dá alento. Depois encontras vários palestinianos a fumar a sua arguila [narguilé]. Lá não há álcool, por isso pedíamos um sumo de limão e menta. Em jeito de brincadeira dizíamos que era um mojito.

Vês também destruição em alguns sítios. Edifícios marcados por bombas e balas. Nos hospitais não têm as condições de higiene a que estamos habituados. Não há stock de medicamentos, há ventiladores barulhentos, papéis a voar, pacientes descalços… e com a falta de eletricidade aquilo transforma-se num caos.

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Sentia medo entre os palestinianos?

Eu não senti medo. Tive de me habituar à cultura de não dar a mão a um homem num cumprimento e de sentir o que é estar a discutir temas com homens do Ministério da Saúde que não te olham nos olhos.

Quanto aos palestinianos, eu ouvia mais desacordo relativamente ao Hamas do que em relação aos israelitas. Uma coisa está conectada com a outra: se Hamas não fosse Hamas, se calhar os israelitas não atacavam. Mas é tudo falado de forma confidencial, não falam abertamente. Não há hipótese de estarem reunidos, são logo dispersos. Era como no nosso tempo do Salazar. É difícil para eles fazer uma revolução porque não têm capacidade.

As crianças mantêm a ingenuidade ou sabem o que se passa desde muito cedo?

Conheci algumas nos centros comunitários. As crianças são crianças: ingénuas e curiosas. Gostam de brincar na rua, de brincar com bonecas e jogar à bola. Depois do Ramadão, eles celebram e agradecem a Ala e distribuem presentes pelas crianças, como o nosso natal. Quando estive na Cisjordânia o jogo das crianças era com armas de plástico, é a realidade delas. Convivem com a perda, morte e frustração. Por outro lado, as meninas metem o seu gloss, arranjam o cabelo, usam coisas da Hello Kitty, muito senhoras. Assim como brincam as nossas crianças.

Como é o dia-a-dia daquelas pessoas?

O desemprego é muito alto. Acho que 40%, 50% da população é jovem. Em Gaza existem seis ou sete universidades. As crianças e jovens vão para a escola. Os adultos que têm um barquito vão à pesca, outros têm a agricultura. Mas os terrenos, junto ao muro, ainda são reduzidos por uma linha imaginária de um quilómetro. Ou seja, os agricultores não podem aceder às suas terras, porque há uma ameaça. Veem-se várias torres israelitas. Se te aproximas, é a matar. E isto não são histórias contadas…

“O desemprego é muito alto. Acho que 40%, 50% da população é jovem. Em Gaza existem seis ou sete universidades. As crianças vão para a escola. Os adultos que têm um barquito vão à pesca, outros têm a agricultura.”

Cheguei a vê-los disparar. Aconteceu quando, apesar de ser contra as regras de segurança, estava a caminho de Rafah, na fronteira com o Egipto, e pedi ao nosso motorista para passar ao lado. Quando saí do carro eles dispararam, como quem diz “olha amiga, daí não passas”. Conheço várias pessoas que perderam familiares nessa linha. Não há perdão. Apesar do muro ainda há linhas imaginárias que não se podem cruzar.

E os jovens, o que estudam?

Trabalhei mais com estudantes que estavam em web design e comunicação porque foram estes que participaram no concurso que organizámos para a sensibilização ao estigma na saúde mental. Mas no geral querem estudar algo que lhes permita sair dali para outro lado, ter bolsas, etc. Eles são refugiados no próprio país. Eles viviam na Palestina, mas depois da invasão foram colocados naquele espaço que é Gaza, e são chamados refugiados. A meu ver são desalojados. Quando estás no teu país não podes ser refugiado.

Geralmente só falamos no número de mortos e bombardeamentos. O que não sabemos sobre Gaza?

A questão do desemprego, por exemplo. As crianças e jovens vão à escola. Há ginásios, cabeleireiros, centros de spa, banhos turcos. Eles têm o hábito de ir à praia. Ficam até ao por do sol. Há uma grande mobilização, até pela falta de eletricidade. Muitos reúnem-se na praia, levam mesas e bancos de plástico e fazem uma espécie de piquenique. As crianças brincam, os adultos conversam. Também podes dar umas voltinhas de barco…

A moeda que se usa em Gaza é shekels, a moeda israelita. Os cartões de identidade são feitos pelos israelitas. São escritos em hebraico e árabe para poderem ser lidos por ambos os lados. Além dos dados normais, nome, idade, estado civil, criaram a secção “religião”. É ilustrativo como a religião tem impacto naquelas sociedades.

Como foi passar a fronteira para Israel?

A fronteira de Erez é aquela muito famosa. Antes de podermos passar para a Palestina temos de pedir uma autorização a Israel, que demora semanas a obter. Depois sim, podemos seguir caminho. Fazem-nos 1500 perguntas — “como se chama o teu pai, mãe, avós? O que vais fazer? Qual é o teu trabalho? És voluntária? Vais ficar quanto tempo?”. É uma tortura teres de repetir tudo mais do que uma vez a cada vez que fazes essa travessia! Entrar em Gaza é complicado, mas sair é terrível.

"Tive uma colega palestiniana que, depois deste último conflito, me disse que o filho dela deixou de falar. Com seis anos deixou de falar. Ela perguntava-me o que podia fazer."

Porquê?

O meu recorde foi 40 minutos. Cheguei a passar lá três, quatro horas. Revistam, questionam, e põem à prova a tua paciência. Várias vezes. Ficas numa sala sem nada. Só vês câmaras. Recebes instruções por um altifalante e as câmaras revistam-te. Fazem-te esperar muito. Não sabes quanto. É sem duvida uma estratégia para desencorajar a ajuda humanitária internacional.

Há coisas que custam imenso a aceitar. Em Tel Aviv, Israel, perguntaram o propósito da viagem. Eu disse que ia trabalhar na Palestina. “Na quê? Pa… Pa… Pa… Onde é isso?”, perguntaram. É um fazer de conta para ridicularizar. Disse-lhes que se não sabiam onde era eu podia mostrar no mapa. Isso fez-me lá ficar mais três ou quatro horas. Foi uma forma de castigar a minha ousadia. Devia ter dito Gaza, e não Palestina. Tens de aprender a falar com os israelitas.

Tem desabafos ou conversas gravadas na sua memória?

Tive uma colega palestiniana que, depois deste último conflito, me disse que o filho dela deixou de falar. Com seis anos deixou de falar. Ela perguntava-me o que podia fazer. Isto marca-me. A prioridade daquela mãe é proteger os filhos, mas não tem como. Ficam em casa, mas as janelas estão rebentadas por causa do poder das explosões. Não há eletricidade. É uma frustração. É uma mãe como tantas outras, que só quer proteger os filhos, mas não sabe como. Não podem sair dali. Outra coisa que me marcou foi os jovens a perguntarem-me como era o país donde eu era. Os olhos deles brilhavam quando lhes dava algo de novo.

"Tive uma colega palestiniana que, depois deste último conflito, me disse que o filho dela deixou de falar. Com seis anos deixou de falar. Ela perguntava-me o que podia fazer."

Fez amigos por lá?

Tenho amigos com quem estou em contacto, sim. Intensifiquei a comunicação por altura dos últimos acontecimentos. Mas não é fácil ter resposta rápida, por isso ficas na dúvida: será que estão bem? Serão as vítimas de que se fala? Cada vez há mais. É andar com o coração nas mãos. É óbvio que me custa por todas as pessoas, mas quando conheces toca-te de maneira diferente.

Gostava de voltar?

Sim, sinto que há muito a fazer na área da saúde mental. Temos de abrir muitos caminhos e quebrar muitos tabus. Mas é um trabalho extremamente desafiante pelos obstáculos. É quase como estar a intervir com uma criança que é vítima de maus tratos dos pais. Podes fazer a terapia com esta criança, mas se continua a viver com os pais, que a maltratam, é muito difícil progredir. É assim o que sinto em relação a Gaza: há uma necessidade tremenda para intervir na saúde mental, mas a população necessita de paz. É um dos maiores desafios profissionais que tive. Somos todos espectadores de uma catástrofe humanitária constante e acomodámo-nos.

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